Marcelo Rebelo de Sousa visitou esta segunda-feira à tarde a Torre de Belém, em Lisboa, e indicou que a segunda fase de desconfinamento do país faz parte de uma maratona que "termina em 2022".
"Uma primeira parte da maratona é uma maratona de saúde. De saúde e agora também de regresso por pequenos passos a uma maior normalização da vida social pois haverá uma segunda parte da maratona, uma económica e social", começou por explicar o Chefe de Estado.
"Na primeira parte da maratona nós ganhámos os primeiros cinco quilómetros. Correram bem! Não há dúvida de que correram francamente bem. Foi o confinamento e foi a saída do confinamento. Agora estamos nos segundos cinco quilómetros. Daqui até junho e, depois, de forma mais aberta de junho até julho", disse.
Redescobrir "o encanto" do património cultural de Portugal
O Presidente da República convidou hoje os portugueses a "redescobrirem o encanto" do património cultural de Portugal, programando férias no país e fazendo visitas aos monumentos que porventura há muito não visitam.
O chefe de Estado deixou esta mensagem no final de uma visita à Torre de Belém, em Lisboa, durante a qual esteve acompanhado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, no dia em que os museus e monumentos voltaram a estar abertos ao público, depois de semanas encerrados devido à pandemia de covid-19.
Marcelo Rebelo de Sousa pediu aos portugueses para "fazerem aquilo que no dia a dia muitos não fazem, que é conhecer o que é fundamental no património" de Portugal, observando: "Os estrangeiros visitam, conhecem, e nós de repente damo-nos conta de que não conhecemos ou não visitamos há muitos anos, muitos, muitos anos, o que é imperdoável".
"Não é apenas o apelo a que em junho, em julho, em agosto, em setembro passeiem em Portugal, fiquem em Portugal e programem as vossas férias em Portugal, mas aproveitem para fazer turismo cultural, com crianças e com jovens. E começar na Torre de Belém é começar num dos grandes monumentos da nossa pátria", acrescentou.
O Presidente da República reforçou o convite aos portugueses para "regressarem àquilo que foram visitas do passado e, de alguma maneira, redescobrirem o encanto" de Portugal, "também no património cultural, que é riquíssimo".
As presidenciais não preocupam — só interessam a quem vive numa bolha mediática
Interrogado sobre a reiterada intenção de voto que recebeu hoje do presidente da Assembleia da República, o socialista Eduardo Ferro Rodrigues, o chefe de Estado sustentou que só "a bolha mediática" dá importância agora às presidenciais.
"As pessoas têm de perceber que uma coisa é a bolha mediática e outra coisa é aquilo que os portugueses sentem e pensam. Os portugueses estão neste momento preocupados com a sua saúde e estão a ver como é que compatibilizam isso com a economia a arrancar", afirmou.
"A bolha — que eu conheço bem porque já pertenci a essa bolha quando era comentador político — está noutra onda que é discutir aquilo que se vai passar daqui a uns meses e depois de como é que será e não será. Mas [isso] não é o que está na cabeça dos portugueses nem o que os preocupa. Portanto, vamos concentrar no que é fundamental e vamos continuar a ganhar a esta maratona. Depois disso logo se verá quem é candidato ou não é", rematou Marcelo Rebelo de Sousa.
Porém, até chegar a esse ponto, é preciso ganhar o "essencial da maratona" que é o "mais importante de tudo".
"O resto, com o devido respeito, porque as eleições são sempre muito importantes em democracia, neste momento, não são a prioridade dos portugueses", concluiu.
Presidente do regime
O chefe de Estado depois de questionado se se sente "um Presidente do regime", como o qualificou a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes.
"Sabe que um Presidente da República que votou a Constituição como constituinte, que participou na primeira revisão constitucional e que foi eleito e jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição não é certamente um Presidente contra o regime, porque senão não era Presidente da República", respondeu.
Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "faz parte da lógica da própria eleição presidencial e da lógica do juramento como Presidente da República jurar fazer cumprir a Constituição do regime democrático - e não subverter o regime democrático e não substituí-lo por um regime ditatorial, e não questionar o regime democrático".
"Mas isso, se perguntar a qualquer Presidente que jurou a sua Constituição, dirá o mesmo", acrescentou, dirigindo-se para o jornalista que lhe tinha colocado a pergunta.
No domingo à noite, na SIC-Notícias, Ana Gomes criticou o secretário-geral do PS por ter manifestado na qualidade de primeiro-ministro a expectativa de continuar a trabalhar com o atual Presidente da República já num segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa, dando como certa a sua recandidatura e reeleição nas presidenciais de 2021.
Questionada se, face à posição assumida por António Costa, que considerou perigosa para a democracia, admite mudar de ideias e candidatar-se a Presidente da República, a ex-eurodeputada socialista respondeu: "Admito refletir, é isso que vou fazer".
(Notícia atualizada às 18:16)
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