Luís Montenegro deu hoje posse, na residência oficial em São Bento (Lisboa), ao secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), o embaixador Vítor Sereno, e à secretária-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), magistrada Patrícia Barão.

O primeiro-ministro aproveitou a ocasião para responder às críticas da oposição sobre a recente operação policial no Martim Moniz, em Lisboa, dizendo estar “atónito e perplexo” com muitas das reações.

“Não há em Portugal nenhuma ação policial dirigida a uma comunidade específica, ficou bem patente na operação Martim Moniz, em que houve varias pessoas fiscalizadas com nacionalidade portuguesa”, defendeu.

Montenegro deixou outra garantia quanto à relação do executivo com as polícias: “Não, este governo não quer nem vai instrumentalizar as forças de segurança. E pior do que isso, eu creio que toda a gente percebe que as próprias forças nunca se deixariam instrumentalizar”.

No entanto, o chefe do Governo assegurou que vai estar sempre “ao lado” das forças de segurança e, repetindo que Portugal “é um dos países mais seguros do mundo”, avisou que não basta dizê-lo para continuar a manter essa posição.

“Do ponto de vista do Governo, a segurança não é de esquerda nem de direta, é um bem da sociedade que convém preservar, é uma condição de base. Quem tem uma visão diferente desta está num dos dois extremos: no extremo demasiado securitário ou no outro quase lírico, onde se pensa que podíamos quase prescindir de forças de segurança”, afirmou.

O primeiro-ministro considerou que “seria um pouco estranho” se hoje não se pronunciasse sobre “a discussão pública que hoje temos em Portugal a propósito da segurança”, depois das críticas da oposição na sequência da operação especial no Martim Moniz, na semana passada.

“Eu devo confessar que me encontro atónito, muito perplexo com as reações que têm aparecido na discussão pública a propósito do esforço do Estado em garantir a tranquilidade das pessoas, em garantir uma prevenção de condutas criminais, em garantir uma plena integração dos nossos imigrantes”, afirmou.

Montenegro considerou até “absolutamente impróprio” que se possam considerar “ações de natureza preventiva, de natureza policial, em contextos localizados, onde há histórico recente de prática reiterada de crime, como uma expressão de governação extremista”, considerando essas críticas apenas “retórica política”.

Por outro lado, considerou “injusto e incorreto” acusar o Governo de levar a cabo ações policiais dirigidas contra imigrantes.

“Não há razão nenhuma para atirar essa pedra para cima do debate. É incorreto, é impróprio, é indesejável. Não corresponde aos princípios de humanismo, de dignificação da pessoa, que os sucessivos governos em Portugal e também o atual têm demonstrado a propósito nomeadamente do acolhimento de imigrantes”, defendeu, reiterando que o país precisa de imigrantes.

Numa intervenção de quase 20 minutos, o primeiro-ministro repetiu que “Portugal é um dos países mais seguros do mundo”: “Mas não é apenas dizendo-o que nós vamos continuar a ser, é tendo ações tendentes a evitar que aconteça em Portugal o que já aconteceu noutros países, que há 10 e 15 anos eram países muito seguros, no topo da lista dos ‘rankings’, e que hoje têm uma situação bem mais complexa”, afirmou.

Sem querer apontar nenhum em concreto, defendeu que Portugal deve usar esses exemplos para se inspirar e antecipar possibilidade de ver os seus índices a piorar.

Na tomada de posse, estiveram presentes os ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa, da Administração Interna, da Justiça e da Presidência, bem como o procurador-geral da República e os responsáveis máximos da Polícia Judiciária, PSP e GNR, o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas e os anteriores secretários-gerais do SSI e do SIRP.

(Artigo atualizado às 12h06)