A Ereira, localizada na margem direita do Mondego, perto do canal principal do rio, é conhecida por ser uma espécie de ‘ilha’ no meio da bacia do Mondego, porque, antes da obra de regularização do rio, na década de 1970, todos os anos ficava isolada por cheias e inundações.
Na tarde de domingo, o destacamento das forças especiais da Marinha fez um "reconhecimento preventivo" da povoação, disse à Lusa Arvins Fernandes, tenente do Corpo de Fuzileiros.
Este reconhecimento da zona da Ereira está incluído no trabalho de "vigilância, mapeamento e avaliação" da situação de cheia que os fuzileiros estão a realizar desde a tarde de sábado, desde a zona de Santo Varão, a montante, passando por Formoselha - onde no sábado o dique do canal principal do rio colapsou - até à estação de bombagem do rio Foja, já na fronteira com o município da Figueira da Foz.
Em 2001, ano da última grande cheia da bacia do Mondego, a Ereira foi abastecida e apoiada por equipas de fuzileiros e de bombeiros, quando ficou novamente isolada, estando agora em perigo de nova inundação.
Na altura, o Corpo de Fuzileiros assegurou, ao longo de vários dias, uma espécie de ‘táxi fluvial’, assegurando, com recurso a embarcações, o transporte de mantimentos e de pessoas entre a Ereira e a sede de concelho, Montemor-o-Velho.
Em comunicado enviado à Lusa, o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA) esclareceu que as operações de reconhecimento efetuadas pelos militares recorreram à utilização de drones que recolheriam imagens "à porção do dique que sofreu uma rotura e à área afetada na sequência da mesma".
"Posteriormente, foi realizado um reconhecimento motorizado a Ereira, freguesia de Montemor-o-Velho e à sua área adjacente", adianta a nota.
O EMGFA afirma que o destacamento do Corpo de Fuzileiros "tem a capacidade de efetuar reconhecimento com drones e apoio com botes, em caso de isolamento e necessidade de evacuação das populações" e foi acionado no sábado "em apoio direto" à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.
O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil, num balanço feito hoje às 10:00, disse que o distrito de Coimbra é aquele que ainda causa maior preocupação, apesar de o número de ocorrências ter "baixado significativamente", esperando-se a redução do caudal no leito do rio Mondego nos próximos dias.
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