No porto de pesca da Figueira da Foz, localizado a sul do rio Mondego, praticamente todas as infraestruturas sofreram danos por ação dos ventos fortes, desde a lota e edifício da Docapesca, até as torres de iluminação do espaço, armazéns e empresas ali instaladas.
"Os danos estão à vista, mas amanhã [segunda-feira] é o primeiro dia da nossa nova vida. É reerguer e andar para a frente", disse à agência Lusa António Lé, da cooperativa de produtores Centro Litoral, cujas instalações ficaram destruídas.
A poucas centenas de metros de distância, em frente ao edifício da Gialmar, filial da empresa de produtos alimentares de Tondela, ali instalada há mais de três décadas, três camiões pesados de mercadorias foram virados com a força do vento.
"Estão vazios, estavam de fim de semana, estacionados na filial da empresa, cada camião pesa cerca de 23 ou 24 toneladas. A força do vento que é necessária para os virar, não sei, sei que estão virados", afirmou o empresário Gilberto Coimbra.
O empresário antecipou "muitos prejuízos" na unidade industrial, embora ainda sem os conseguir quantificar: "O que interessa agora é por tudo o mais rápido possível operacional porque são camiões que fazem falta à empresa a partir de amanhã [segunda-feira], como é necessário proceder a limpezas para que seja possível continuar a trabalhar aqui", frisou o responsável da Gialmar.
Gilberto Coimbra disse que a lota "tem de estar operativa para vender", mas, analisando os prejuízos sofridos nos edifícios, enfatizou que estará "caótica" nos próximos dias.
"Estou certo que nada ficará por fazer [na recuperação das infraestruturas]", sublinhou o empresário.
Confrontado com mais uma tragédia em meados de outubro, depois dos incêndios de 15 de outubro de 2017 que afetaram a região centro e também Tondela, o concelho onde a Gialmar está sedeada, Gilberto Coimbra ironizou que "começa a ser já uma data engraçada" em termos de eventos capazes de provocar danos avultados.
"Já fomos vítimas da anterior catástrofe, esta é vento, mas ninguém esperava isto", lamentou.
Já na zona industrial da Gala, também na margem esquerda do Mondego, existem prejuízos "avultados" na "grande maioria" das empresas ali instaladas, algumas de dimensão considerável, disse, por seu turno, Ana Carvalho, vereadora da autarquia da Figueira da Foz.
"A zona industrial foi muito afetada", resumiu a autarca.
A passagem do Leslie por Portugal, no sábado e hoje, provocou um morto, 28 feridos ligeiros e 61 desalojados.
A Proteção Civil mobilizou 8.217 operacionais, que tiverem de responder a 2.495 ocorrências, sobretudo queda de árvores e de estruturas e deslizamento de terras.
O distrito mais afetado pelo Leslie foi o de Coimbra, onde a tempestade, com um “percurso muito errático”, se fez sentir com maior intensidade, segundo o comandante nacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil.
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