“Disseram-nos que o rio vai subir dentro de três a quatro horas, não se sabe ainda quando, mas que se prevê que ele chegue aqui à avenida e entre nas lojas. Desde que cheguei aqui de manhã a água tem estado sempre a subir”, afirmou à agência Lusa Vítor Monteiro, proprietário de uma garrafeira.
Está a retirar as garrafas e caixas de vinho para o andar superior e para um armazém.
“Aqui na garrafeira é a primeira cheia, mas já tenho alguma experiência porque também temos um restaurante aqui ao lado e lá já tivemos que retirar as coisas em anos anteriores”, referiu.
No restaurante Gato Preto hoje já não se serviram refeições e todas as máquinas e equipamentos foram retirados.
Há mais de uma década que o Douro não sobe à João Franco, uma das principais artérias da cidade de Peso da Régua, no distrito de Vila Real.
Nesta avenida, o movimento é intenso esta tarde. Comerciantes ajudados por bombeiros e ainda funcionários do município retiram tudo o que é possível dos estabelecimentos para carrinhas e carros.
“Já nos tinham avisado que possivelmente poderia vir aqui o rio e agora disseram-nos que era mesmo para retirar tudo. Arcas frigorificas e outras coisas já foram retiradas. De certeza que vai haver prejuízos. É a força da natureza e não se pode fazer nada”, referiu Armando Mansilha, proprietário do restaurante “Delícia Douro”.
Suzete Marques também preparou tudo para retirar do cabeleireiro que abriu portas há cerca de seis meses. "Estamos aqui há meio ano e somos logo confrontados com isto e logo nesta altura em que tínhamos tantas marcações. É muito prejuízo mesmo”, frisou à Lusa.
Ana Lúcia Castanheira não consegue disfarçar o olhar triste. A sua loja de estética abriu há cerca de um ano e, por isso, esta é também a primeira cheia que tem que enfrentar.
“Abri este ano, pintei tudo de novo e agora voltar a pintar tudo, não é fácil. Já estamos a retirar tudo e agora é esperar que a água chegue”, frisou.
O presidente da Câmara de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, fez questão de entrar em todos os estabelecimentos para alertar os proprietários e também colocar à disposição os meios do município.
“O objetivo é minimizarmos de alguma forma o prejuízo que possam vir a ter”, salientou à Lusa.
Para os restaurantes, o prejuízo é já notado porque tiveram de cancelar os jantares de Natal que tinham agendados.
“A informação que temos é que as barragens estão na capacidade máxima e vão ter que libertar. Nós esperávamos que, com as barragens do Tua e Sabor, a probabilidade de cheia fosse menor, mas hoje está-se a provar que, com as alterações climáticas, já nada é previsível e confrontamo-nos com a possibilidade de o rio vir aqui à avenida”, afirmou José Manuel Gonçalves.
O município cortou ao trânsito as avenidas João Franco, da Galiza e do Douro, sendo que esta última já está parcialmente inundada pelo rio.
O comandante distrital de operações de socorro (CODIS) de Vila Real, Álvaro Ribeiro, referiu que, face aos caudais do rio e à continuidade da precipitação forte e intensa e como medida de prevenção, avisaram-se todos os proprietários dos espaços comerciais para retirarem os seus bens.
Para a Régua foram mobilizados mais de 60 operacionais, entre bombeiros de 10 corporações, GNR e Proteção Civil Municipal.
“Se necessário reforçamos os meios e adequamos as medidas às necessidades. Contudo, esta é uma medida preventiva”, salientou Álvaro Ribeiro.
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