Entre imagens e sons de arquivo e atuações de atores e cantores, recordando o “Dia D” e o seu impacto na vitória das forças aliadas sobre a Alemanha nazi, em junho de 1944, vários líderes de países que participaram no desembarque na Normandia leram textos de soldados e políticos que tiveram um papel crucial naquele episódio histórico.
O Presidente de França, Emmanuel Macron, leu o emotivo texto de um soldado da Resistência francesa que dizia não ter medo da morte, porque estava de consciência tranquila e esperava apenas que os seus compatriotas fossem felizes no final do conflito.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, leu a carta de um capitão à sua mulher, dois dias antes do desembarque na Normandia, dizendo que sonhava com o dia em que regressaria aos seus braços.
De seguida, May leu o telegrama que anunciava a morte do soldado.
Minutos antes, tinha sido a vez do Presidente dos EUA, Donald Trump, repetir a oração que o seu antecessor na era da II Guerra Mundial, Franklin D. Roosevelt, tinha lido numa emissão radiofónica dirigida ao país, nas vésperas do “Dia D”.
“Sabemos que os nossos filhos irão vencer. Mas sabemos que alguns não voltarão”, dizia a oração que emocionou a audiência das cerimónias hoje realizadas em Portsmouth, a cidade costeira do Reino Unido que serviu de posto de preparação para o desembarque das forças aliadas na Normandia.
Alguns dos momentos de preparação dessa missão militar foram recriados por atores, no enorme palco que serviu para as celebrações, a que assistiram líderes mundiais de vários países, alguns dos quais derrotados na fase final da II Guerra Mundial (1939-1945).
Noutros momentos, foram gravações de imagens e de sons da época a fazer a evocação, como quando se ouviu o discurso do antigo primeiro-ministro britânico Winston Churchill a desafiar os concidadãos a lutarem em todo o lado e em todo o momento.
A atriz Sheridan Smith tomou conta do palco para uma rendição do êxito musical “When the lights go on again” (“Quando as luzes voltarem a acender-se”), tornada popular por Vera Lynn, uma das mais célebres cantoras britânicas dos anos 40 do passado século, para evocar o espírito de esperança numa vitória sobre as forças do eixo, lideradas pela Alemanha de Adolf Hitler.
O nome do ditador alemão ficou de fora do espetáculo, onde não faltou a presença da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que, no início das celebrações foi cumprimentada pela Rainha de Inglaterra, Isabel II, a par dos líderes de países que participaram no desembarque na Normandia, como foi o caso dos presidentes de França, EUA, Canadá, Holanda e Reino Unido.
Isabel II aproveitou para recordar que, quando presidiu às celebrações do 50.º aniversário do “Dia D”, muitos acharam que seria a última vez que a monarca ali estaria.
“Estar hoje aqui, 75 anos depois, mostra o espírito de resiliência” que está subjacente aos países do “mundo livre”, disse a Rainha, agradecendo o contributo dado em favor da liberdade.
Em nome das Forças Armadas britânicas, o general Nicholas Carter salientou o espírito de camaradagem que se viveu entre as tropas das diferentes nações que se opuseram ao regime ditatorial nazi, dizendo que o desembarque de junho de 1944 foi a prova do espírito e da força multinacional.
A cerimónia terminou com o hino do Reino Unido e com um outro êxito musical de Vera Lynn, em que a cantora prometia aos soldados que há 75 anos lutavam pela sua causa: “Voltaremos a encontrar-nos. Não sei onde, não sei quando. Mas voltaremos a encontrar-nos, num dia de sol”.
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