Na segunda-feira, as creches vão reabrir e o tema tem sido motivo de debate ao longo da última semana. Naturalmente, lidar com crianças até três anos é completamente diferente do que instruir alunos do ensino secundário acerca de medidas de etiqueta respiratória a adotar. Falou-se de distanciamento social entre crianças, algo que a Associação de Profissionais de Educação de Infância mostrou de imediato "profunda preocupação", quer pelas crianças, quer pelos educadores de infância que assim se viam inibidos de cumprir o seu trabalho educacional em pleno, falou-se na não partilha de brinquedos, falou-se em medidas que estavam muito susceptíveis ao espaço de cada creche que varia de estabelecimento para estabelecimento.

Agora, esta quarta-feira, a Direção-Geral da Saúde emitiu o documento final com as orientações para as creches. Não se fala de distanciamento social entre crianças durante as atividades, mas sim numa redução de alunos por sala, onde não entram sapatos nem brinquedos vindos de cada. Este é o documento, ponto por ponto, que, no fundo, apela a um reforço da higienização:

  • Antes da abertura, todos os espaços devem ativar e atualizar os seus Planos de Contingência, que devem contemplar os procedimentos a adotar perante um caso suspeito de COVID-19 e a definição de
    uma área de isolamento;
  • Deve ser garantida uma redução do número de crianças por sala de forma a que
    seja maximizado o distanciamento entre as mesmas, sem comprometer o normal funcionamento das
    atividades lúdico-pedagógicas;
  • Quando as crianças estão em mesas, berços ou espreguiçadeiras, deve ser maximizado o
    distanciamento físico entre elas;
  • As crianças e funcionários devem ser organizados em salas fixas, sendo que a cada funcionário deve corresponder apenas um grupo, e os espaços devem ser definidos de acordo com a divisão, para que não haja contacto entre pessoas de grupos diferentes;
  • Para evitar o cruzamento entre pessoas, a orientação estabelece a definição de horários de entrada e de saída desfasados e a definição de circuitos de entrada e saída da sala de atividades para cada grupo;
  • O documento refere que o calçado deve ser deixado à entrada, nas salas em que as crianças se sentam
    ou deitam no chão, podendo ser solicitado aos encarregados de educação que levem calçado extra (de
    uso exclusivo na creche). Uma orientação que também se aplica aos funcionários do espaço;
  • Os funcionários devem pedir aos encarregados de educação que não deixem as crianças levar brinquedos ou outros objetos não necessários de casa para a creche e garantir a lavagem regular dos brinquedos;
  • Garantindo que a segurança das crianças não fica comprometida, as portas e/ou janelas das salas devem ser mantidas abertas, para promover a circulação do ar;
  • Na hora da sesta, deve existir um colchão para cada criança e garantir que usa sempre o mesmo, separando os colchões uns dos outros e mantendo a posição dos pés e das cabeças alternadas;
  • No período de refeições, a deslocação para a sala deve ser faseada para diminuir o cruzamento de
    crianças e os lugares devem estar marcados;
  • A orientação estabelece que todos os funcionários devem usar máscara cirúrgica de forma adequada e que o espaço deve ser higienizado de acordo com as normas definidas pela DGS.