“Na pior das hipóteses, nós em setembro temos de estar com obras no terreno”, disse hoje Tiago Braga na reunião da Assembleia Municipal do Porto, solicitada para abordar o “processo de construção da Linha Rubi”, cujo projeto se encontra em fase de consulta pública até quinta-feira.
Numa sessão marcada pelas perguntas de vários deputados acerca dos atrasos na Linha Rosa, já em construção, Tiago Braga foi respondendo que se cingiria ao âmbito da sessão de hoje, e que responderia por escrito ao presidente da Câmara, Rui Moreira, presente na sala.
Sobre a linha Rubi, Tiago Braga admitiu “chegar a um momento em que, sob pena de colocar em causa a execução do projeto” a Metro pode preferir “avançar ainda podendo haver um ou outro pormenor que não esteja totalmente fechado em sede de projeto de execução”.
“Assumimos isso como um erro e omissão na fase de discussão com o empreiteiro, mas avançamos ainda a tempo, no sentido de ter a obra concluída naquilo que é a janela temporal, o quadro de referência de que, neste momento, dispomos”, que é de 34 meses.
Porém, disse querer “evitar a todo o custo essa situação”, que configuraria “um desvio ao processo de empreitada”, mesmo que isso signifique “atrasar algum tempo o lançamento do concurso”.
No dia 07 de outubro, Tiago Braga tinha dito aos jornalistas que o concurso público para a empreitada seria lançado até final do ano.
Tiago Braga já tinha referido que como formalmente o prazo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) termina no final de agosto de 2026, há uma janela de nove meses que a empresa pode gerir, dando “alguma flexibilidade do ponto de vista de concretização da obra”.
Hoje, perante os deputados municipais, Tiago Braga foi questionado sobre projetos como a nova ponte sobre o Douro para a Linha Rubi, assegurando que foram estudadas outras opções antes de se avançar para o concurso de ideias para a atual travessia prevista.
“Chegámos a equacionar também a questão da ponte da Arrábida, para além da inserção, que é sempre uma inserção difícil”, mas como o projeto atual “tem cerca de 15,40 de largura”, com ciclovia e espaço pedonal, se fosse colocado “em cima da ponte da Arrábida”, esta ficaria com “apenas cerca de 10 metros disponíveis”, roubando duas faixas de rodagem em cada sentido da travessia.
Mais tarde, em resposta ao deputado Rui Sá (CDU), Tiago Braga disse que parecia “poucochinho olhar para esta oportunidade” sem ter “um programa mais abrangente do que a questão da ferrovia”, uma intervenção que suscitou uma reação do presidente da Câmara, Rui Moreira.
Dizendo que a Metro e a tutela “objetivamente decidiram a colocação da ponte”, bem como a sua altura, o autarca independente afirmou que os meios de mobilidade suave como os pedonais ou cicláveis devem ser “uma competência da Câmara do Porto”.
“Isto deve ficar definido para o futuro. Já não é para aqui, já não vamos atrás do prejuízo, porque precisamos mesmo desta obra”, concluiu Rui Moreira, que também afirmou que a arquitetura da ponte “parece excelente” e não há dúvidas quanto há “solução técnica”, valorizando ainda a intervenção do arquiteto Álvaro Siza no Campo Alegre.
Rui Moreira revelou também que a Metro do Porto entregou à autarquia um estudo prévio para a estação do Campo Alegre, da nova ponte, e inserção urbana, um processo “que está a ser avaliado, como deve ser, pelos serviços”, esperando uma pronúncia “em breve”.
“O que seria importante é que essa pronúncia fosse naturalmente tratada pela Metro do Porto com todo o cuidado necessário”, disse o autarca independente.
Na mesma zona, Tiago Braga disse ainda estar em estudo uma eventual instalação de escadas rolantes na ligação da via Panorâmica ao bairro de Massarelos, que ficará debaixo da ponte.
“A ponte tem um elevador que vence quatro níveis e traz as pessoas da rua do Ouro até à rua do Bicalho, servindo todo o bairro”, disse ainda.
Em Gaia, as estações previstas para a Linha Rubi são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música.
A construção da Linha Rubi, prevista no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), custará 300 milhões de euros mais IVA, e deverá terminar no final de 2025.
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