Em declarações à agência Lusa, Miguel Relvas destacou a “vitória clara do Partido Socialista” nas eleições legislativas de domingo e falou numa “derrota clara” do PSD.

“Essa derrota é, aliás, acentuada com a derrota do centro-direita. Uma derrota do PSD, uma derrota do CDS, com o aparecimento de três pequenos partidos que ocuparam este espaço, roubando votos”, considerou.

Por isso, acrescentou, “o PSD tem que rapidamente, com muita celeridade, virar a página e construir um projeto alternativo para daqui a quatro anos, com eleições autárquicas ainda pelo meio”.

Para o antigo secretário-geral do PSD e ministro do Governo de Passos Coelho, “ficou bem visível ao longo deste ano e meio que “o PSD e o CDS não se assumiram como alternativa, não foram capazes de ser suficientemente atrativos aos olhos dos eleitores, fizeram uma oposição muito frágil, não foram proativos, não tiveram propostas” e “cederam espaços do centro ao Partido Socialista”.

“Foram erros estratégicos muito claros, que se pagaram muito caro”, reforçou Miguel Relvas, acrescentando que “o PSD precisa de novos protagonistas, novas propostas” e de “uma nova visão para se recompor”.

“Eu acho que a questão neste momento é uma realidade de novos protagonistas, novas ideias. O PSD teve um ano e meio para se afirmar como alternativa e teve um dos piores resultados da sua história”, sublinhou ainda o antigo ministro.

Ainda assim, questionado sobre a continuidade de Rui Rio na liderança dos sociais-democratas, Miguel Relvas disse que “os líderes sabem tirar ilações dos resultados” e que se o líder do PSD “sente que tem condições e ânimo para ser candidato e conseguir alcançar aquilo que ontem [domingo] não foi capaz, então que se candidate”.

O PS venceu as eleições legislativas de domingo com 36,65% dos votos e 106 deputados eleitos, quando falta atribuir os quatro mandatos da emigração, segundo os resultados finais provisórios

De acordo com dados da Secretaria-Geral do Ministério de Administração Interna, o PSD foi o segundo partido mais votado, com 27,90% dos votos e 77 deputados.

Elegeram ainda deputados para a Assembleia da República BE (9,67% dos votos e 19 deputados), CDU (6,46% e 12 deputados), CDS-PP (4,25% e 5 deputados), PAN (3,28% e 4 deputados), Chega (1,30% e 1 deputado), Iniciativa Liberal (1,29% e 1 deputado) e Livre (1,09% e 1 deputado).

O PS venceu sem maioria absoluta, para a qual precisaria de, pelo menos, 116 deputados.

Estão ainda por apurar quatro deputados, dois pelo círculo eleitoral da Europa e dois pelo círculo fora da Europa.