Hughes, conhecido como "Mad Mike", construiu um "Rock-oon" — um foguetão-balão que ainda se encontrava em desenvolvimento — para ir até aos 5000 mil pés. O lançamento estava a ser filmado para uma nova série do Science Channel, a Homemade Astronauts. 

Hughes "morreu tragicamente durante a tentativa de lançamento dum foguete que ele próprio havia fabricado", afirmou o canal que pertence ao grupo Discovery Channel. "Os nossos pensamentos e orações estão com a família e amigos durante este momento difícil", assinala a mensagem na sua conta na rede social Twitter.

"Este lançamento foi sempre um sonho e o Science Channel estava lá para contar a história", indicou o canal norte-americano, que filmava o evento para o programa que visa contar as histórias de pessoas que "exploram a fronteira final com orçamentos limitados".

O plano, de acordo com El País, começou a ser desenhado em 2016. A intenção de Hughes, além de provar que a Terra era plana, era também de ver o espaço com os próprios olhos. À imprensa, tinha dito que a Terra não é redonda, tendo, ao invés, a "forma de um disco voador". Assim, o seu objetivo passava por chegar aos 100 km de altitude e atingir a Linha de Karman, a barreira que separa a atmosfera e o vácuo espacial. "Durante três horas, o mundo para", tinha revelado Hughes durante uma intervenção num live stream.

As imagens do lançamento do foguetão — numa área deserta, próxima da residência de Hughes, em Barstow, 180 km de Los Angeles, na Califórnia — foram divulgadas nas redes sociais. Nas imagens é possível observar como um paraquedas surge do foguete alguns segundos após a descolagem, acabando o foguetão por cair algumas centenas de metros adiante.

De acordo com o Washington Post, a equipa de apoio de Hughes foi rapidamente para o local, confirmando o desfecho trágico da experiência — e que três paraquedas não se tinham aberto. Antes, tinha efetuado um lançamento de um foguetão (inscrito com a frase FLAT EARTH [A Terra é Plana]) — com sucesso. Contudo, estes foguetões não foram concebidos para chegarem ao espaço.

Waldo Stakes, um dos seus colaboradores, explicou que a experiência era típica de Hughes, alguém que classificava como sendo um temerário. "Era uma das pessoas mais inteligentes que conheci", disse ao jornal norte-americano. Porém, escusou comentar sobre as razões que levaram ao acidente.

Rocketman, um documentário do ano passado, mostra uma "equipa de sonhadores" que trabalhou com Hughes no fabrico "de um foguetão caseiro que tinha a missão de provar que a Terra era plana", segundo o The New York Times (NYT).

Hughes chegou a trabalhar para a NASCAR, foi um autodidata no que dizia respeito aos foguetões e ganhou um lugar no livro do Guinness World Record, em 2002, ao registar o maior salto efetuado numa rampa em limusine.

No entanto, escreve o NYT, deverá ser lembrado por estar associado às teorias da Terra ser plana — ou não ser redonda. Isto, apesar de ter dito à agência de notícias Associated Press, a certa altura, de que "não conseguia ter a certeza" de que a Terra fosse realmente achatada ou em forma de Frisbee. "É por isso que quero ir ao espaço", terá dito.

O publicista de Hughes, Darren Shuster, esclareceu posteriormente de que as suas crenças sobre a Terra ser plana eram meramente manobras publicitárias para angariar dinheiro e atenção às suas façanhas.

"Era excêntrico e acreditava em algumas teorias da conspiração do governo, sim, mas era tudo uma manobra publicitária", disse. Mas, acima de tudo, o seu objetivo era "ser um herói" e inspirar todos os norte-americanos. "Era isso que o movia", revelou Shuster. Segundo o El País, que cita o publicista, a Flat Earth Society (Sociedade da Terra Plana) financiou o lançamento com 17.000 dólares (aproximadamente 16 mil euros).

Em 2018, Hughes já tinha sido notícia por se ter lançado até quase 2.000 pés de altura para aterrar no Deserto de Mojave.

(Notícia atualizada às 13:19)