Apesar de esta infraestrutura comercial, uma das maiores da região norte do país, nunca ter estado totalmente encerrada, só hoje teve autorização para que a maioria das 230 lojas pudessem reabrir ao público.

"Apenas 20 lojas não reabriram esta manhã, por estarem em obras ou a adaptar-se às novas medidas. De resto são mais de 200 que estão a funcionar em pleno e felizmente já com uma grande adesão por parte do público", disse à agência Lusa João Fonseca, diretor do NorteShopping, que integra o grupo Sonae.

O responsável elegeu a palavra "segurança" como o conceito chave para a retoma da atividade neste formato abrangente, falando num "forte investimento feito" no reforço nas equipas e material de limpeza, na colocação de sinalética, instalação de equipamentos de desinfeção, reorganização de espaço e ações de formação a funcionários e lojistas.

"Julgo que não haverá um edifício na zona do grande Porto que tenha melhores condições de segurança e higiene do que este. Há várias semanas que nos preparamos para esta retoma, seguindo à risca os planos e orientações da Direção Geral de Saúde", garantiu João Fonseca.

O diretor do NorteShopping partilhou que antes da pandemia os números da frequência do espaço podiam atingir as 50 mil pessoas por dia, e apesar de agora, por imposição legal, a permanência em simultâneo estar limitada a 3700 pessoas, a expectativa é que possam a circular mais de 25 mil clientes por dia.

"Temos condições de segurança para tal, e os comerciantes bem precisam disso. A quebra nos negócios foi abrupta, mas apresentámos um extenso pacote de apoios às empresas, nomeadamente uma redução nas rendas, no período de encerramento, de 50 % e a possibilidade de pagarem o resto em dois anos, a partir de 2021", explicou João Fonseca.

Estes apoios foram bem recebidos pelos comerciantes, que, ainda assim, não evitam em falar de dificuldades, embora com esperança numa retoma progressiva dos negócios.

"Não tendo visitantes, quase não houve vendas, e as plataformas online não foram suficientes para compensar a situação", explicou Hugo Braga, responsável por uma ótica, que pela especificidade de negócio já tinha tido autorização para abrir a loja previamente.

"Tivemos de implementar várias medidas de segurança, nomeadamente o distanciamento, o não permitir que o cliente mexa nos produtos expostos antes de serem desinfetados ou a utilização de equipamentos de proteção individual. Toda gente tem compreendido, e já tivemos várias visitas à nossa loja", explicou.

Também com algumas restrições reabriu uma loja de produtos e vestuário para crianças, onde o acompanhamento ao cliente passou a ser ainda mais personalizado e as medidas de higiene e segurança mais apertadas.

"O nosso público, nomeadamente as grávidas, precisa habitualmente de muito acompanhamento, mas agora temos um funcionário dedicado a cada cliente que entra na loja. Infelizmente tivemos de encerrar os espaços que tínhamos para as crianças brincarem, por questões de segurança, e as entradas estão condicionadas", explicou Lúcia Rodrigues, responsável da marca.

A adaptação às novas regras não pareceu ser um obstáculo ao retorno do público a este centro comercial nortenho, que, como constatou a agência Lusa, cumpriu sem exceção a obrigação de uso de máscara e desinfeção das mãos à entrada.

"Não custa fazer isso e até me sinto mais segura. Vejo que todos estão a cumprir e parece-me que quem cá veio tem o propósito de fazer compras e não apenas andar a passear nos corredores", partilhou Maria Botelho, residente em Matosinhos, que veio comprar umas peças de roupa.

Já José Menezes veio de Vila do Conde a uma loja de produtos eletrónicos, e apesar de ter confessado à agência Lusa "um pouco de receio de encontrar multidões", apontou que "o esquema de circulação no espaço inspira confiança, assim como o comportamento cauteloso das pessoas, mesmo na praça da alimentação".

Portugal contabiliza pelo menos 1.424 mortos associados à covid-19 em 32.700 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Relativamente ao dia anterior, há mais 14 mortos (+1%) e mais 200 casos de infeção (+0,6%).

Portugal entrou no dia 3 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, que na sexta-feira foi prolongado até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

Esta fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório apenas para pessoas doentes e em vigilância ativa e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.

(Por: José Pedro Gomes da agência Lusa)