“Nunca vi o nível de ódio e de dor que vejo agora. A divisão na sociedade chega até ao Exército. E isso representa um perigo imediato e tangível para a segurança do Estado. Precisamos de alterar o sistema judiciário, mas as mudanças importantes devem ser feitas por meio do diálogo. A reforma legislativa deve ser suspensa”, disse o ministro durante um discurso televisionado, referindo-se ao facto de soldados reservistas estarem a associar-se aos movimentos de contestação.
A posição de Gallant rompe com a unidade no Governo de coligação de direita e extrema-direita liderado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, que até agora tinha resistido a qualquer recuo na sua intenção de reformar o sistema judicial, mesmo perante manifestações de protesto que já duram há 12 semanas.
Horas antes desta declaração, cerca de mil manifestantes, liderados por um grupo de reservistas do Exército de Israel, tinham-se reunido em frente à casa de Yoav Gallant para protestar contra a polémica reforma judicial.
Os manifestantes, militares na reserva, acreditam que as propostas de alteração legislativa — que procuram limitar os poderes do Supremo Tribunal, transferindo competências judiciais para o Governo — podem transformar o país num regime antidemocrático, e apelaram à intervenção do ministro.
O ministro da Defesa já tinha reunido, nos últimos dias, com comandantes militares e hoje admitiu que ficou preocupado com o que ouviu, aceitando fazer o apelo para que o seu próprio Governo suspenda o processo de reforma judicial.
“Esta é a hora da verdade. Peço ao Governo para que suspenda tudo, não aprove as alterações”, disse Gallant, que já foi elogiado pelo líder da oposição, Yair Lapid, considerando o seu discurso como “um ato de coragem”.
Também dois deputados do Likud, partido de Netanyahu, apoiaram o apelo do ministro da Defesa, aconselhando ao Governo que seja sensível às manifestações de contestação, que aumentam de tom.
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