“Antes dos Reis [6 de janeiro] vai ser publicado um despacho pela senhora secretária de Estado do Ambiente, não só por vossa causa, mas por outras causas também, que vai limitar, e de que maneira, a possibilidade de importar resíduos para aterros, como o aterro do Sobrado”, disse o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, a várias dezenas de habitantes de Sobrado que se manifestaram hoje de manhã pelo encerramento daquele aterro no concelho de Valongo, no distrito do Porto.

Antes de entrar para a cerimónia de inauguração da sede do Parque das Serras do Porto, em Valongo, o ministro João Matos Fernandes fez questão de se dirigir aos manifestantes que se concentraram à frente do novo edifício com faixas negras, bombos e pandeiretas, para anunciar a medida.

“Essa é certamente uma boa notícia e é certamente uma notícia que vai ter boas consequências”, afirmou o ministro, asseverando que o anúncio que fez não é “nenhuma promessa” e que a decisão é “mesmo para ser feita”.

Em declarações à Lusa, Marisol Marques, porta-voz da Associação Jornada Principal, promotora da manifestação, admitiu ter hoje recebido uma “boa notícia de Natal”, mas assegurou que vão estar atentos ao futuro e, se nada for feito, para o ano voltam à luta.

“Vamos confiar em quem realmente tem o poder. É uma boa notícia de Natal, sem dúvida. É uma esperança”, mas “continuamos atentos”, disse.

Há cerca de três semanas, alguns representantes daquela associação, designada nas redes sociais por Unidos pelo Fim do Aterro no Concelho de Valongo, manifestaram-se junto ao Fórum Cultural de Ermesinde para pedir a Matos Fernandes o encerramento do aterro de Sobrado, onde diziam estar a ser depositado amianto.

“Queremos dizer ao senhor ministro [do Ambiente e Ação Climática, João Matos Fernandes] que deve encerrar o aterro, deve ponderar todas estas situações, porque está a causar transtornos a uma população que não incomodou ninguém e que agora está a ser incomodada”, declarava à Lusa, à data, António Marques.

Questionado na ocasião pelos jornalistas sobre que medidas ia tomar sobre aquelas reivindicações contra o aterro de Sobrado, o ministro do Ambiente e da Ação Climática afirmou que ia contactar a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) para perceber o que “de melhor se pode fazer na gestão daquele aterro”.

A 10 de junho, mais de mil pessoas caminharam nove quilómetros em protesto contra o aterro em Valongo, onde são tratados vários tipos de lixo, “desde lamas a amianto”, prejudicando “a saúde da população”, descreveu à agência Lusa na altura o presidente da autarquia, José Manuel Ribeiro.