Em julho do ano passado, a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira e a junta de freguesia de Alhandra tinham-se queixado no parlamento do aumento do nível de partículas de poeiras no ar e dos maus cheiros constantes, solicitando na ocasião uma vistoria ao sistema de limpeza.
Quase um ano depois, as queixas dos moradores e da autarquia sobre os maus cheiros originados pela fábrica CIMPOR mantêm-se, assim como os apelos à intervenção das entidades ligadas ao Ambiente.
“Hoje mesmo enviámos um novo ofício à APA (Agência Portuguesa do Ambiente) e ao SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza da GNR) a denunciar o forte cheiro que se tem registado nos últimos dias. Temos pessoas a queixarem-se, crianças a chorarem, com ardor nos olhos. O problema é que não podemos garantir a 100 por cento que a responsabilidade é da Cimpor”, ressalvou.
Alguns moradores ouvidos pela Lusa também se mostraram apreensivos com os cheiros registados nos últimos tempos na freguesia de Alhandra.
“É uma espécie de cheiro a borracha queimada. Há dias que nem sequer podemos abrir as janelas”, afirmou à Lusa Marisa Costa.
Outro morador, Caetano Calçada relatou a existência de “fumo amarelo”, saído da chaminé da Cimpor, e de cheiro a “enxofre” e “pneu queimado”.
“O ar está irrespirável! As pessoas de Alhandra estão muito preocupadas porque têm na memória o problema da ‘legionella’. Não podemos permitir que esta situação se arraste”, sublinhou o morador, que entretanto criou uma página no facebook designada “Chega de poluição em Alhandra”.
A Lusa contactou a Cimpor, mas não obteve, até ao momento, um esclarecimento.
Contudo, numa resposta escrita enviada à Lusa há um ano, a empresa assegurou que a fábrica de Alhandra está a “cumprir todos os requisitos legais” e que utiliza “as melhores tecnologias disponíveis no fabrico do cimento e no despoeiramento dos gases dos fornos”.
“As emissões resultantes do processo de produção de cimento são permanentemente monitorizadas, através de equipamentos certificados por entidades externas à Cimpor e acreditadas para o efeito”, referiu.
A Lusa contactou a Cimpor, que remeteu esclarecimentos para mais tarde.
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