Em declarações à Lusa, António Tonga, membro do Coletivo Consciência Negra, explicou que o objetivo do movimento é dar espaço à comunidade para mostrar que “os negros e as pessoas da periferia têm sido alvos em relação à questão policial e da falta de habitações dignas”.
O protesto vai decorrer em frente à Câmara do Seixal, pelas 16:00, e está a ser organizado por várias associações que estão “solidárias” com a população de Vale de Chícharos (conhecido como bairro da Jamaica), tais como o Coletivo Consciência Negra, a SOS Racismo, a Plataforma Gueto, a FEMAFRO e a Afrolis – Associação Cultura.
Contudo, a Associação de Desenvolvimento Social de Vale de Chícharos demarcou-se desta iniciativa, referindo, em comunicado, que agora se pretende “retomar as rotinas diárias e seguir em frente”.
“A câmara municipal tem uma palavra a dizer no que toca à atuação da polícia. Sabemos que a polícia não está sob tutela da câmara, mas enquanto órgão representante do Estado português tem de ter uma voz firme em relação à brutalidade policial, à violência desnecessária e à estigmatização da comunidade. Não tem como dissociar”, explicou António Tonga, do Coletivo Consciência Negra.
Numa resposta enviada à Lusa, a Câmara do Seixal esclareceu que o ambiente tem estado “completamente tranquilo” em Vale de Chícharos (bairro de habitação precária) e que “os esforços do município estão concentrados na resolução dos problemas habitacionais existentes”.
No domingo de manhã, a PSP foi chamada a Vale de Chícharos após ter sido alertada para “uma desordem entre duas mulheres”, o que resultou no ferimento, sem gravidade, de cinco civis e de um agente, segundo a força de segurança.
Devido a este incidente, seguiu-se uma manifestação em frente ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa, que resultou em quatro detenções por apedrejamento aos agentes da PSP, de acordo com a polícia.
Contudo, em declarações à Lusa, vários moradores afirmaram que “não convocaram” manifestações ou protestos fora do concelho do Seixal.
António Tonga realçou que a manifestação de hoje é uma oportunidade para “protestar de forma pacífica”.
O Ministério Público e a PSP abriram inquéritos ao incidente no bairro.
Esta semana, a polícia tem reforçado o policiamento em várias zonas de Setúbal, Loures, Odivelas e Sintra, devido a incêndios a caixotes do lixo e viaturas.
No concelho de Setúbal foram lançados ‘cocktails Molotov’ contra uma esquadra e um autocarro foi incendiado.
A polícia indicou estar a investigar, dizendo não ter indícios de que estes atos de vandalismo estejam relacionados com a manifestação no centro de Lisboa.
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