A notícia da morte de Otelo foi inicialmente avançada pela TSF e confirmada depois pelo SAPO24.
Otelo Saraiva de Carvalho foi um dos obreiros do 25 de Abril, sendo considerado o cérebro da revolução. Era o responsável pelo setor operacional da Comissão Coordenadora do Movimento das Forças Armadas (MFA), dirigindo as operações da revolução a partir do posto de comando no quartel de operações no Regimento de Engenharia n.º 1, na Pontinha, nos arredores de Lisboa.
No Movimento das Forças das Forças Armadas (MFA), que derrubou a ditadura de Salazar e Caetano, foi ele o encarregado de elaborar o plano de operações militares e, daí, ser conhecido como estratego do 25 de Abril.
No pós-revolução, foi comandante-adjunto do COPCON (Comando Operacional do Continente), passando a comandante efetivo em março de 1975. Fez ainda parte do Conselho da Revolução durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC), chegando à capa da revista norte-americana Time com o triunvirato formado com Francisco Costa Gomes e Vasco Gonçalves.
Após o 25 de novembro de 1975, foi afastado de todos os cargos e chegou a estar preso. Foi ainda candidato às eleições presidenciais de 1976 e 1980, tendo perdido em ambas para Ramalho Eanes.
Nas presidenciais de 1976, a escolha no Conselho da Revolução recaiu sobre Ramalho Eanes, então Chefe do Estado-Maior do Exército, que logo recebeu o apoio do PSD, e em seguida do PS, CDS, MSD, PSDI, MRPP, da AOC e ainda organizações como a SEDES ou a CAP.
O ex-primeiro-ministro, almirante Pinheiro de Azevedo, que obteve 14,3% dos votos, e Otelo Saraiva de Carvalho, que estava em liberdade provisória depois de ter estado preso pelo seu envolvimento no 25 de Novembro, com 16,46%, foram os outros candidatos militares nas primeiras eleições presidenciais por sufrágio direto em democracia.
O PCP decidiu apresentar um civil, Octávio Pato, cuja votação, de 7,5%, o remeteu para o último lugar na corrida presidencial, que Ramalho Eanes ganhou com 61,59% dos votos.
Já em 1980, Otelo Saraiva de Carvalho criou o partido Força de Unidade Popular (FUP). Já em 1985, foi acusado de liderar as FP-25, organização armada responsável por vários atentados em mortes, tendo sido condenado, em 1986, a 15 anos de prisão por associação terrorista. Esteve cinco anos preso e, em 1991, recebeu um indulto, tendo sido amnistiado anos depois, em 1996. No decorrer do processo das FP-25, foi também despromovido de brigadeiro a tenente-coronel.
Otelo Nuno Romão Saraiva de Carvalho nasceu em 31 de agosto de 1936 em Lourenço Marques, Moçambique, e teve uma carreira militar desde os anos 1960, fez uma comissão durante a guerra colonial na Guiné-Bissau, onde se cruzou com o general António de Spínola, até ao pós-25 de Abril de 1974.
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