Na carta, os representantes do movimento alertam que a construção do parque de estacionamento, que poderá servir novos hotéis de cinco estrelas que se instalem no centro da cidade, vai destruir o jardim, descaracterizando a zona e retirando valor ao turismo, por destruir as zonas de interesse que poderiam atrair visitantes.
“Desejamos que o turismo em Aveiro respeite a tradição das gentes e a vida de Bairro sob pena de quando quiserem visitar Aveiro, Aveiro já não ser Aveiro, e ser qualquer outra coisa transgénica e modificada ao sabor dos interesses privados. Também aí perderão os hotéis que já nada terão para oferecer aos seus clientes e o seu investimento atual de nada servirá. Perderemos todos”, lê-se na carta.
Segundo a missiva, divulgada na data em que se assinala o dia da cidade de Aveiro, “uma nova ameaça paira sobre um espaço privilegiado de receção aos turistas desta cidade” e “o Jardim do Rossio pode ser destruído”.
“No seu lugar a Câmara Municipal de Aveiro pretende criar um gigantesco buraco de lodo com resolução por tempo indeterminado, dada a complexidade, morosidade e impacto da construção de um parque de estacionamento em cave previsto para aquele local”, lê-se no documento.
A carta acrescenta ainda que à obra pode ficar associada a “destruição parcial das marinhas, incluindo a tão conhecida Marinha da Troncalhada, que é hoje um Ecomuseu”.
“Estes danos irreversíveis poderão verificar-se caso a Câmara Municipal de Aveiro avance com a construção da nova ponte sobre a eclusa, e seus acessos, cuja previsão aponta para um custo de mais de um milhão de euros a serem pagos por todos nós”, refere a carta aberta.
O texto lembra referências do executivo camarário a enaltecer o investimento por parte de hotéis de cinco estrelas e a “mais-valia que seria ter estacionamento à porta dos restaurantes, hotéis e alojamentos do centro”, questionando se a construção prevista do parque de estacionamento poderá ser uma “encomenda de privados”.
“Senhores investidores, serão bem-vindos sempre e quando assegurarem o respeito pelo património cultural, ambiental e social desta cidade e não contribuírem ou pactuarem com a destruição dos espaços que nos são queridos e cuja história vai muito além da vossa chegada recente. As cidades fazem-se de gente e de vivências, de espaços verdes e de partilha, não de ‘bunkers’ de cimento. Contamos convosco para dizer não ao estacionamento do Rossio e para estarem ao lado da população nesta causa”, afirma-se no texto.
Os autores da carta aberta defendem que essa posição deixa a Câmara Municipal, atualmente presidida por Ribau Esteves, “liberta de pressões externas para assumir definitivamente que desistir deste projeto será a melhor decisão para a cidade”.
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