“A exposição recupera obras do período que coincide com o reconhecimento e afirmação da artista em Londres, durante os anos 80 [do século passado], e desenvolve-se a partir da apresentação de obras que correspondem ao período de consagração internacional da artista, incluindo séries referenciais do seu percurso, como as litografias de ‘Jane Eyre’ ou o conjunto de gravuras e pinturas ‘Sem título’, de 1998–2000, conhecido como a série do aborto”, explicou a presidente da fundação, Aida Carvalho.
A exposição é uma parceria entre a Casa das Histórias Paula Rego e o Museu do Côa, situado em Vila Nova de Foz Côa, no distrito da Guarda, e será comissariada por Catarina Alfaro, integrada no programa de comemorações dos 25 anos da inscrição dos Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa na lista do Património Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês), que se assinala em 02 de dezembro.
“Para a celebração desta efeméride optámos por uma exposição com 80 obras sobre todo o percurso artístico de um nome maior das artes plásticas, como é Paulo Rego, dado seu alcance internacional”, disse Aida Carvalho.
Nascida em Lisboa, a 26 de janeiro de 1935, numa família de tradição republicana e liberal, Paula Rego começou a desenhar ainda criança, um talento que lhe foi reconhecido pelos professores da St. Julian’s School, em Carcavelos. Partiu para a capital britânica com 17 anos, para estudar na Slade School of Fine Art.
Foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, para fazer pesquisa sobre contos infantis, em 1975, e, em Londres, conheceu o futuro marido, o artista inglês Victor Willing, cuja obra Paula Rego exibiu por várias vezes na Casa das Histórias.
Em 2010, foi ordenada Dama Oficial da Ordem do Império Britânico pela Rainha Isabel e recebeu, em Lisboa, o Prémio Personalidade Portuguesa do Ano atribuído pela Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal.
Paula Rego recebeu, em 1995, as insígnias de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, em 2004, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e, em 2011, o doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade de Lisboa, título que possui de várias universidades no Reino Unido, como as de Oxford e Roehampton.
Em 2019, foi distinguida com a Medalha de Mérito Cultural pelo Ministério da Cultura.
Ainda durante as comemorações do 25.º aniversário da inscrição dos Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa na lista do Património Mundial, durante o mês dezembro haverá a assinatura da grande tela “O Bordel”, da autoria de Graça Morais.
“Esta peça à época não foi assinada, [por isso] desafiámos a pintora a vir ao Museu do Côa a proceder a este ato”, disse a presidente da Fundação Côa Parque.
“O Bordel” foi pintado pela artista para “Os Biombos”, de Jean Genet, que o Teatro Experimental de Cascais levou à cena em 1993.
A Direção-Geral do Património Cultural comprou a obra por 60 mil euros, para a incluir na Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), ficando em depósito no Museu do Côa.
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