Nos mesmos dias em que em Málaga, Espanha, são realizadas operações de busca para encontrar uma criança de dois anos que caiu num poço no domingo, dia 13 de janeiro, o Estado de Meghalaya, na Índia, contabiliza mais de trinta dias sem conseguir encontrar os quinze mineiros que ficaram presos numa mina ilegal, quando foram surpreendidos por uma inundação causada pelo transbordo do rio Lytein.
As equipas de salvamento têm estado a bombear água para fora da gruta, mas “o terreno e as condições são extremamente difíceis”, disse à Reuters um dos responsáveis da Força Nacional de Resposta a Desastres (NDRF, na sigla em inglês) no início de janeiro, acrescentando que os mergulhadores da Marinha e da NDRF ainda não conseguiram chegar ao local onde estão os trabalhadores.
Os mineiros não deram qualquer sinal de vida desde o momento que ficaram presos na gruta e a hipótese de os encontrar com vida é já considerada escassa.
A lenta mobilização das instituições de socorro tem sido contrastada com os esforços aplicados na operação de salvamento, com sucesso, numa mina na Tailândia, no verão de 2018, onde 12 crianças e o seu treinador de futebol ficaram presos durante vários dias.
Também a pouca atenção mediática e governamental dada ao acidente no estado de Meghalaya tem sido muito criticada no país.
Segundo a imprensa local, no dia 11 de janeiro, as autoridades governamentais estavam a considerar dar por terminadas as operações de salvamento. “Todos os dias bombeamos litros e litros de água para fora da mina, mas no dia seguinte a água volta a entrar”, disse o governador do Estado de Meghalaya, Conrad Sangma, citado pelo Hindustan Times.
Os responsáveis deram indicações para que as operações prosseguissem por “pelo menos mais 15 horas”, sendo depois tomada uma decisão, em função dos resultados.
No mesmo dia, o Supremo Tribunal apelou a que o governo local de Meghalaya continuasse os esforços para encontrar os mineiros.
O jornal India Today noticiou, esta terça-feira, dia 15 de janeiro, que, de acordo com fontes governamentais, as operações de busca continuam, mas poderão ser canceladas num futuro próximo, uma vez que não há sinais dos mineiros.
Pelo menos 200 socorristas da Marinha, da NDRF, dos bombeiros e de outras agências de socorro têm feito parte das equipas de salvamento.
A localização, os níveis da água e as características da mina, formada por túneis conhecidos por "buracos de rato", numa alusão às reduzidas dimensões dos locais de extração do carvão e às condições em que os mineiros trabalham, têm dificultado as operações.
Ainda esta semana, o Supremo Tribunal proibiu o transporte de carvão no Estado de Meghalaya até dia 19 de fevereiro.
Já em 2014, o Supremo Tribunal tinha proibido a exploração mineira no estado de Meghalaya, na sequência de protestos que denunciavam a "poluição das águas", escreve o britânico The Guardian. Apesar da proibição, os proprietários continuaram com exploração de carvão de forma ilegal, muitas vezes recorrendo a mão de obra infantil.
Para além dos problemas ambientais, a exploração mineira ilegal levanta também questões humanitárias, na medida em que, com a promessa de salários elevados, trabalhadores vindos da Índia e de países vizinhos acabam por ser forçados a desempenhar funções que colocam as suas vidas em risco, indica a Reuters.
Os valores salariais prometidos (duas mil rupias, cerca de 25€, por dia) - mais de dez vezes superiores ao ordenado diário médio na Índia - são muitas vezes retidos pelos empregadores, para pressionar os mineiros a trabalharem enquanto não recebem, explica à Reuters Angela Rangad, pertencente ao Thma U Rangli-Juki, um grupo de defesa da democracia e dos direitos humanos.
Em 2012 na mesma região 15 mineiros morreram num incidente semelhante.
*Com agências
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