“Foram incidentes graves pelos quais a NAV assume a sua responsabilidade, admitindo que não é suposto ocorrer numa empresa cuja missão principal é garantir a segurança dos voos no nosso espaço aéreo e nos nossos aeroportos”, disse o membro do Conselho de Administração da prestadora de serviços de tráfego aéreo, Pedro Ângelo.
Falando numa audição da comissão parlamentar de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, em Lisboa, o responsável vincou que a NAV “não se revê em acusações alarmistas de que o controlo de tráfego aéreo compromete a segurança da aviação civil em Portugal”, falando antes num “desrespeito com a empresa e com os trabalhadores”.
De acordo com Pedro Ângelo, após os incidentes ocorridos no Aeroporto Francisco Sá Carneiro em abril de 2021 e no Aeroporto João Paulo II em maio de 2022, respetivamente no Porto e em Ponta Delgada, “foram adotadas um conjunto de medidas que visam reforçar a confiança e robustez do sistema de segurança”.
“Queremos acreditar que tudo estamos a fazer e que estamos na rota certa para mitigar eventuais ocorrências futuras”, mas “não seria sério da nossa parte garantir com 100% de certeza que nunca mais se repetirá um incidente deste tipo”, assinalou o responsável.
Pedro Ângelo reconheceu ainda que “houve erro de controladores que estavam ao serviço”, mas rejeitou que a NAV esteja normalmente envolvida neste tipo de incidentes, comuns no espaço aéreo europeu.
“Não é para desconsiderar o que aconteceu, que foi grave e aprendemos com os erros”, mas estas operações “dependem sempre da ação humana, acabam por ter vulnerabilidades”, concluiu.
Em causa estão requerimentos do PSD e do Chega sobre um relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) que apontou “falhas graves no controlo aéreo” nos incidentes no Porto e em Ponta Delgada.
Pelo PSD, o deputado António Prôa defendeu a “segurança na operação aeroportuária” embora rejeitando “um ambiente de desconfiança” relativamente à NAV, enquanto o parlamentar do Chega Filipe Melo apelou a que se “reduza ao mínimo a probabilidade de haver sinistralidade”.
O GPIAAF, organismo que investiga acidentes aéreos, detetou falhas graves no controlo de tráfego aéreo nos aeroportos do Porto e de Ponta Delgada, que autorizaram descolagens e aterragens quando ainda se encontravam viaturas a realizar inspeção ou manutenção da pista.
As conclusões constam do relatório final do GPIAAF, a que a agência Lusa teve acesso, em 29 de dezembro.
O primeiro incidente aconteceu na noite de 27 de abril de 2021, quando um Boeing 737-400, de carga, operado pela ASL Airlines Belgium, iniciou a descolagem no aeroporto do Porto, no momento em que um veículo 'follow-me', “devidamente autorizado a realizar a inspeção da pista, apercebeu-se de uma luz brilhante e questionou a torre sobre a presença de alguma aeronave a alinhar na pista”.
Um “evento semelhante” ocorreu no aeroporto de Ponta Delgada em 13 de maio de 2022, que "resultou no borrego” (abortar uma aterragem) de um A321 da TAP, quando a tripulação se apercebeu “nos últimos instantes da presença de uma carrinha de manutenção na pista, também esta previamente autorizada” pelo Controlo de Tráfego Aéreo.
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