“A indústria tem uma associação – a Alfocelca – que tem meios dedicados ao combate de incêndios e dedica recursos substanciais à prevenção, [cerca de quatro milhões de euros anuais”, afirmou João Castello Branco, em entrevista à Lusa.
Este responsável sublinhou que as florestas que a indústria gere tendem a ter uma incidência de fogos florestais “muito iminente”, embora no caso da Navigator seja residual, devido, em grande parte, a estas florestas estarem junto a outras “não geridas pela indústria”.
A Navigator quer atingir a neutralidade carbónica até 2035, antecipando as metas de Bruxelas e do Governo português, tendo em marcha um plano que, na componente florestal, prevê aumentar a produtividade das áreas de produção de eucalipto e, com isso, absorver mais CO2.
Questionado sobre o facto de a monocultura do eucalipto ser um problema para Portugal, sobretudo em matéria de incêndios, o presidente executivo da Navigator disse que, comparativamente a outros países, a posição de Portugal é até “bastante” vantajosa.
“Em Portugal, nas espécies plantadas de exploração industrial temos cerca de 26% de eucalipto, 23% de sobreiro e 23% de pinheiro bravo. Quando vemos outros países, como é o caso da Finlândia, 66% da floresta plantada é pinheiro. Se fizemos a mesma análise para a Austrália, para a Irlanda, para a República Checa, onde não é o pinheiro, mas é o abeto, estamos a falar de 60%, 52% e 48%”, exemplificou.
João Castello Branco vincou ainda que a papeleira está a investir na diversificação de espécies tendo os maiores viveiros de produção florestal da Europa, nos quais são produzidos cerca de 12 milhões de árvores por ano.
“Também temos uma estratégia de conservação que faz com que tenhamos áreas tampão à volta das plantações de eucalipto, onde procuramos cultivar ‘habitats’ diversos. São cerca de 11 mil hectares de áreas com outras espécies que não, pura e simplesmente, eucalipto e, nessas áreas, protegemos 235 espécies de fauna e 740 de flora”, acrescentou.
Por outro lado, segundo a mesma fonte, a Navigator afirma-se como um dos maiores proprietários de sobreiro e pinho em Portugal.
“Obviamente que o eucalipto é para nós muito importante, mas temos uma estratégia muito deliberada de contribuir para a diversidade florestal deste país e para o desenvolvimento das espécies autóctones”, referiu.
A Navigator tem em marcha um plano para atingir a neutralidade carbónica entre 2022 e 2035 que, só na vertente industrial, implica um investimento de cerca de 160 milhões de euros, dos quais 55 milhões de euros já estão em curso, particularmente, na substituição de combustíveis fósseis por biomassa.
O plano prevê também que a empresa atinja 100% de produção elétrica de base renovável, superior ao patamar de 70% onde atualmente se encontra.
A Alfocelca é um agrupamento complementar de empresas dos grupos The Navigator Company e Altri que tem por missão apoiar o combate aos incêndios florestais nas propriedades das empresas agrupadas, em coordenação com a Autoridade Nacional de Proteção Civil, segundo a informação disponível na página desta associação.
(Por: Pedro Emídio da agência Lusa)
Comentários