“Foi no tempo em que as circunstâncias se proporcionaram e se conjugaram para acontecer o que aconteceu. As coisas têm o seu tempo. Neste caso, teve o tempo que teve. Podia eventualmente ter sido mais cedo, também há quem diga que poderia ter sido mais tarde”, afirmou Fernando Negrão, em Braga, quando confrontado com a demissão de Barreiras Duarte anunciada no domingo.
À margem de uma visita de trabalho ao Tribunal Arbitral de Consumo de Braga, Fernando Negrão, que foi eleito deputado pelo círculo eleitoral bracarense, desvalorizou ainda as “teses de conspiração” à volta da polémica do currículo do agora ex-secretário-geral do PSD, apontando os “próximos dias” para a escolha de um substituto.
Questionado sobre se o início da liderança de Rui Rio à frente do PSD não está a ser demasiado conturbado, Fernando Negrão respondeu que é o normal quando se muda de líder: “Era previsível. Houve uma mudança com alguma profundidade naquilo que era o caminho que o PSD estava a fazer. Essa mudança acarreta sempre acontecimentos desta natureza”, referiu.
Para o líder dos deputados sociais-democratas, a prioridade não passa por saber se o processo que levou à demissão de Barreiras Duarte foi ou não um ataque interno: “Não gosto de teses de conspiração, eu nunca alinho com teses de conspiração. Não quer dizer que essa não seja uma tese de conspiração, não faço ideia, mas para mim o importante é o trabalho que nos espera fazer”.
Quanto à substituição do secretário-geral do PSD, essa será decidida “nos próximos dias”, embora Fernando Negrão, que tem por inerência lugar na Comissão Política Nacional, órgão que irá designar o substituto de Barreiras Duarte, não se quis pronunciar.
“Não sei se ainda hoje [será revelado o nome do novo secretário-geral do PSD], a reunião da Comissão Política Nacional será eventualmente para a semana”, referiu.
Feliciano Barreiras Duarte anunciou no domingo, em comunicado, a sua demissão, de “forma irrevogável”, a Rui Rio, depois de uma semana de notícias sobre irregularidades no seu currículo académico e também um problema com a morada que indicou no parlamento para efeitos de subsídios de transporte, considerando que os “ataques” de que estava a ser alvo o prejudicaram gravemente e à sua família, bem como à direção do PSD.
Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de um inquérito sobre as alegadas irregularidades curriculares, remetendo para o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa os elementos recolhidos.
No comunicado de hoje, Barreiras Duarte defende-se de ambas as acusações, dizendo-se de "consciência tranquila": "Nunca ganhei nada, nem com uma, nem com outra situação; não tirei qualquer proveito da Universidade de Berkeley – nem financeiro, nem de grau académico, nem profissional, nem político; não procurei qualquer benefício material ou outro, antes pelo contrário, com a questão da morada no Parlamento", refere.
Esta foi a primeira baixa na direção do novo presidente do PSD, Rui Rio, e acontece exatamente um mês depois do Congresso do partido, que se realizou entre 16 e 18 de fevereiro.
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