Falando numa audição na comissão parlamentar de Ambiente, João Pedro Matos Fernandes referiu que o roteiro, que está em consulta pública, só pode antecipar cenários futuros, mas que toma como certo que é possível que em 2050 Portugal produza apenas tantos gases com efeito de estufa, como dióxido de carbono, quanto o seu coberto vegetal consiga absorver.
O social-democrata Hugo Coimbra questionou o ministro sobre a falta de “ações reais” no roteiro, sublinhando que podia ter surgido mais cedo e que parece “uma mostra de boas intenções para adornar o fim da legislatura”.
O deputado do PSD considerou que o mandato de João Pedro Matos Fernandes à frente do Ambiente está a acabar e que “deixa muito a desejar” porque não deixa “uma única reforma” ao cabo de uma legislatura em que “o Bloco de Esquerda parecia controlar” as opções da tutela.
A bloquista Maria Manuel Rola lamentou que no governo se mantenha “a influência dos hidrocarbonetos”, mesmo com a vontade de atingir a neutralidade carbónica.
Defendeu que a redução dos preços dos passes nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto deveria ser alargada a todo o país.
Patrícia Fonseca, do CDS-PP, indicou que os parceiros setoriais se “queixaram de não terem sido ouvidos” para a elaboração do roteiro, criticando a opção do governo pela “mitigação” das emissões carbónicas, como a aposta na mobilidade elétrica, “esquecendo bastante a necessidade de adaptação”, em que há “uma grande ausência de ambição”.
A comunista Ângela Moreira alertou que no roteiro se prevê a redução da criação de gado bovino, um setor em que há atualmente “1,7 milhões de cabeças” na pecuária portuguesa, e que isso terá consequências “na vida e rendimento” de quem dele depende.
João Pedro Matos Fernandes indicou que “todos os setores” da economia portuguesa terão que contribuir para a redução das emissões, com destaque para a produção de energia (reduzindo em 98%), indústria (72%), e que à agricultura caberá uma redução de 20%.
“As trajetórias das emissões dependem de diferentes cenários” e no roteiro não se apontam “metas políticas para a execução”, destacou.
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