O jornal cita fontes próximas da investigação norte-americana, que avançam que o interesse do FBI em Nigel Farage deriva das relações que o antigo líder do UKIP tem com pessoas comuns à equipa de campanha de Donald Trump e Julian Assange, o fundador do WikiLeaks, refugiado na embaixada do Equador em Londres, e que Farage visitou em março.
Detalha o jornal que Farage não foi acusado de nada e não é um alvo da investigação norte-americana. Ser considerado uma "pessoa de interesse" significa que os investigadores acreditam que este pode ter informação sobre os actos em causa nesta investigação, sendo por isso alvo de escrutínio.
Estas fontes avançaram ao The Guardian que a proximidade de Farage a pessoas que estão no centro da investigação está a ser examinada no âmbito do inquérito sobre alegadas relações entre a campanha presidencial de Trump e a Rússia no sentido de influenciar as eleições presidenciais de novembro último, vencidas por Trump, que tomou posse a 20 de janeiro deste ano.
"Uma das coisas que os investigadores estão analisar são os pontos de contacto e as pessoas envolvidas. (...) Se triangulares Rússia, WikiLeaks, Assange e pessoas associadas a Trump, o indivíduo que mais surge é Nigel Farage. (...) Ele está no meio destas relações. Aparecendo várias vezes. A atenção está focada nele", adiantaram estas fontes ao The Guardian.
Face a estas acusações, o porta-voz de Nigel Farage recusou quaisquer ligações à Rússia, caracterizando as acusações de "histerismo". "Nigel nunca foi à Rússia, muito menos trabalhou com as autoridades russas", disse, sem confirmar se o antigo líder o UKIP está a par do inquérito do FBI à sua pessoa.
Assange também recusou as acusações, dizendo que são "notícias falsas". "Duvido muito que eu possa ser uma pessoa de interesse para o FBI, uma vez não tenho relações com a Rússia", adiantou.
O que está em causa na investigação do FBI? O WikiLeaks, fundado por Assange, publicou informações, nomeadamente emails, que visavam prejudicar a campanha de Hillary Clinton, candidata democrata que enfrentou Donald Trump nas presidenciais de 2016.
Na sequência da libertação destes documentos, os Estados Unidos, ainda sob a governação de Obama, acusaram o Governo russo de estar por trás de ataques informáticos ao Partido Democrata, uma acusação apoiada pelas conclusões nos serviços secretos, e que conduziu à expulsão dos diplomatas russos dos EUA.
Entretanto, após a tomada de posse de Trump, o ex-assessor de segurança nacional Michael Flynn foi obrigado a demitir-se por omitir os repetidos contactos que manteve com o embaixador russo em Washington no ano passado, durante os quais abordou as sanções americanas a Moscovo. A polémica adensou-se com um alegado pedido de Trump ao ex-diretor do FBI James Comey para que abandonasse esta linha de investigação, o que pode configurar uma obstrução à Justiça, e colocou em cima da mesa a possibilidade de um impeachment.
A admiração entre Trump e Nigel Farage é não segredo. O antigo líder do UKIP sempre se mostrou confiante nas capacidades de governação de Trump e o Presidente dos Estados Unidos chegou a sugerir que Farage fosse o embaixador do Reino Unido nos Estados Unidos. Sobre a visita de Farage a Assange, em março, o antigo líder do UKIP explicou que a fez no sentido de fazer uma entrevista em nome da rádio LBC.
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