“Não irei decidir sozinho. Pedirei a ajuda do Espírito Santo, mas também pedirei a ajuda das pessoas, também dos leigos”, afirmou.
D. Armando Esteves Domingues falava, em declarações aos jornalistas, momentos antes das cerimónias de entrada na Diocese de Angra, que esteve em sede vacante durante mais de um ano.
O até agora bispo auxiliar do Porto disse ter aceitado o convite “com um grande sorriso na cara” e mostrou-se expectante para “descobrir melhor” uma terra que não visitava há 36 anos.
“Irei fazer de tudo para conhecer e amar a especificidade de cada ilha”, frisou.
Questionado sobre as mudanças a implementar na Diocese de Angra, Armando Esteves Domingues disse sonhar com uma Igreja mais “aberta” e “acolhedora”, mas garantiu que começará o seu caminho “a ouvir”.
“Mudanças? Certamente haverá. É normal haver, mas vai ser também ouvir as pessoas que querem mudar. Já algumas me falaram. Vai ser também perceber onde é que as pessoas possam ser mais úteis”, apontou.
A religiosidade popular nos Açores será “um dos grandes desafios” da Diocese de Angra, segundo Armando Esteves Domingos, que manifestou vontade de conhecer melhor manifestações como as festas do Espírito Santo.
“Vejo distribuir pão, vejo distribuir amor, criar laços, fazer festa. Jesus o que fazia era isto. Para onde ia seguiam-no, mas porquê? Só pelas palavras? Porque havia festa, havia alegria. Essa espontaneidade na vida e na expressão da fé é um valor que eu gostarei muito de conhecer melhor e de aprofundar”, apontou.
Quanto à redução de inscrições no Seminário de Angra, o prelado disse que estão “a nascer novas formas” de formar e que isso não o deixa preocupar tanto com os números.
“Vivemos numa outra época. Temos de olhar também para a Igreja capaz de viver e de evangelizar neste mundo pós-moderno, onde não é fácil falar de Jesus Cristo, mas onde Ele é se calhar até mais importante”, salientou, acrescentando que “onde houver vocações vivas nascerão nas comunidades”.
O novo bispo de Angra tomou posse no sábado, numa cerimónia fechada, perante o Colégio de Consultores, sendo apresentado hoje numa celebração religiosa na Sé de Angra, em que participam 17 bispos, incluindo o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e o presidente da conferência episcopal portuguesa, D. José Ornelas Carvalho.
Questionado sobre a ampla participação de bispos na cerimónia, D. Armando Esteves Domingues manifestou-se agradecido pela “força” que disse o ajudar a ir em frente.
“Para mim é uma surpresa. Comove-me. […] Hoje ser bispo não é fácil, é ser o primeiro a assumir as fraquezas próprias e as da Igreja”, admitiu.
Novo bispo de Angra assume evangelização dos jovens como prioridade
O novo bispo de Angra, Armando Esteves Domingues, assumiu hoje a evangelização dos jovens como uma prioridade, alegando que sem eles a Igreja não se conseguirá renovar.
“Que esta seja uma prioridade evangelizadora, pois não há renovação na Igreja, nem na sociedade, sem o protagonismo dos jovens. Nunca digamos, como às vezes se ouve, que os jovens não sabem nada ou não querem nada. Caminhemos, ganhemos confiança com eles”, disse, na homilia da primeira missa que celebrou como bispo de Angra.
Armando Esteves Domingues tomou posse no sábado, numa cerimónia fechada, perante o Colégio de Consultores, e foi hoje apresentado numa celebração religiosa na Sé de Angra, em que participaram 17 bispos, incluindo o cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e o presidente da conferência episcopal portuguesa, José Ornelas Carvalho.
A cerimónia foi antecedida de um cortejo entre a Igreja da Misericórdia e a Sé, nas principais ruas da cidade de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores.
Para o bispo de Angra, a Jornada Mundial da Juventude, que Portugal vai acolher em 2023, será “uma oportunidade para um exercício prático do diálogo entre a Igreja e a sociedade civil”.
“Nenhum jovem açoriano deverá ficar de fora a ver passar os aviões ou os navios, e não falo apenas dos ligados às paróquias ou movimentos. Todos têm lugar e voz. A tudo o que tenha a ver com jovens ou Jornada Mundial da Juventude darei prioridade na minha agenda deste ano”, afirmou.
Armando Esteves Domingues assumiu ainda como prioridade o acolhimento e valorização das pessoas, garantindo que a sua porta estará sempre aberta para todos: “Clérigos ou leigos, mais ricos ou pobres, mais idosos ou jovens”.
“Que não se diga que o bispo anda sempre muito ocupado”, sublinhou.
O prelado defendeu que a Igreja não se pode fechar, frisando que “a evangelização não pode ser feita apenas por uns poucos sábios, mas por todos os batizados”.
“Nada sem a família, nada sem as igrejas domésticas. Quem sabe, talvez os membros da família saibam melhor como integrar os diferentes, as novas famílias, os divorciados, todos aqueles que às vezes se queixam de não serem incluídos, serem julgados ou rejeitados”, apontou.
Natural de Oleiros, distrito de Castelo Branco, D. Armando Esteves Domingues, de 65 anos, é o 40.º bispo de Angra e sucede a D. João Lavrador, que tomou posse como bispo de Viana do Castelo, em setembro de 2021.
Ordenado padre em 1982 e bispo em 2018, D. Armando Esteves Domingues era bispo auxiliar da Diocese do Porto.
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