O evento, que decorre entre hoje e domingo, na escola básica Vilar Andorinho, é organizado pela Associação Meibukan Portugal, que se dedica à promoção e ao ensino da vertente do karaté tradicional apelidado 'Guyji-Ryu', cuja prática remonta ao século XIX, na cidade japonesa de Okinawa.
“É uma honra vir, pela primeira vez, a um país tão bonito, e com pessoas tão amáveis, ajudar a desenvolver o karaté e transmitir algumas das coisas que fui aprendendo ao longo da vida”, começou por dizer à agência Lusa Meitatsu Yagi, que no próximo mês vai completar 80 anos de vida.
O renomado mestre, que começou a praticar esta arte marcial com o seu pai aos cinco anos, considerou ser “uma missão de vida transmitir os conhecimentos de karaté a todos os que querem desenvolver esta arte”, esperando que em Portugal mais pessoas assimilem os valores do 'Guyji-Ryu'.
“O meu pai sempre me disse que mais importante que estudar karaté, é estudar as coisas da vida através do karaté. Esse é o nosso principal propósito, e não ensinar como lutar. Tento, sobretudo, ensinar a parte emocional, que é mais importante que a vertente física ou mental. É com essa vertente emocional que atingimos a paz interior, que é o verdadeiro propósito”, completou Meitatsu Yagi.
Como praticante de karaté quase toda a vida, este mestre japonês deixou uma analogia para explicar o nível de dedicação necessário para se dominar esta arte marcial.
“Estudar karaté é como empurrar um carro por uma montanha acima. Se pararmos a meio e tirarmos as mãos, o carro vem para trás e temos de começar de novo. Mas, se nos esforçarmos e nos dedicarmos, vamos chegar ao topo da montanha e teremos uma bela paisagem. O meu conselho, para tudo na vida, é que não se pare ou desista a meio. Continuem até ao fim e serão recompensados”, partilhou.
Nesta primeira viagem a Portugal, Meitatsu Yagi veio com o filho, Akihito Yagi, de 47 anos, também mestre desta arte marcial, e que já esteve no nosso país no ano passado.
“É muito importante para mostrar a todos o que aprendi como o meu pai. Partilhar estes momentos com ele é uma enorme alegria e sinto que também é muito importante para os estudantes verem que duas gerações diferentes se podem juntar para transmitir os ensinamentos do karaté”, disse Akihito Yagi, que já foi protagonista em filmes com esta arte marcial.
Já Ricardo Leite, promotor de evento e responsável da Associação Meibukan Portugal, considerou que ter a oportunidade de observar e aprender com uma “lenda viva como o mestre Meitatsu Yagi é uma experiência única para todos os amantes do karaté".
"Tê-lo cá, ouvir as suas histórias e ensinamentos é um enorme privilégio. É uma pessoa de quase 80 anos, que, apesar de o corpo não lhe permitir fazer certas coisas, consegue transmitir, explicar, observar e corrigir. Até porque, ao contrário da maior parte dos mestres japoneses, ele fala muito bem inglês. Cativa ouvi-lo a transmitir a essência do karaté, não só através do corpo, mas também verbalmente”, completou Ricardo Leite, que é proprietário do Dojo Vilagiaa.
Há mais de 30 anos ligado a esta arte marcial, e desde 1998 dedicado ao ensino da mesma, Ricardo Leite, aponta o karaté como uma ferramenta muito útil para os mais jovens, não apenas pelo propósito central de ser uma arte de defesa, mas, essencialmente, pela transmissão de valores.
“Muitos estudos comprovam que o karaté faz bem às crianças, ajudando na sua concentração, mas também nas disciplina e na noção de respeito pelos outros e pelo espaço que nos rodeia. Nestes tempos, com tanta tecnologia, atividade e conteúdos, esta é uma arte que nos ajuda a relacionar melhor com o mundo”, concluiu.
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