O anúncio foi feito numa conferência de imprensa pelo ministro da Saúde taiwanês, Shi-Chung Chen: pela primeira vez desde o início da pandemia, Taiwan chegou à barreira dos sete dias sem registar novos casos de infeção por covid-19, reportou a imprensa local.

O ministro, que também lidera um grupo de crise para lidar com a covid-19, o Centro de Comando Central da Epidemia, indicou ainda que não há casos de transmissão comunitária há 32 dias. Os 11 novos casos registados desde o início de maio, indica o website World of Meters, foram todos importados, ou seja, são infeções em pessoas provenientes do estrangeiro.

Ao todo, Taiwan registou desde o início da pandemia 440 casos por covid-19, dos quais 383 pessoas já recuperaram e outras sete morreram. 228 pessoas mantém-se sob vigilância por serem casos suspeitos.

O ministro da Saúde taiwanês indicou ainda que, desde que a pandemia começou, Taiwan fez 68.335 testes à covid-19, dos quais 67.265 resultaram em negativo.

A grande maioria dos casos de Taiwan foram importados, 349, sendo que apenas 55 foram casos de transmissão local (os restantes 36 surgiram no navio da marinha taiwanesa). A contribuir para essa baixa transmissibilidade está o sistema que Taiwan tem implementado desde o início da pandemia, num misto de preparação, alta tecnologia e civismo por parte da população.

Estes dados animadores surgem numa fase em que Taiwan mantém a pressão para assistir a uma reunião da Organização Mundial de Saúde (OMS). A ilha está banida de participar na OMS devido à influência da China — país com o qual tem um diferendo político há décadas quanto ao seu estatuto independente — nas Nações Unidas, devido ao poder de veto que Pequim detém no Conselho de Segurança da instituição.

A reunião vai decorrer a 18 e 19 de maio e Taiwan tem recebido o apoio de países como os EUA ou a Nova Zelândia para, pelo menos, participar com o estatuto de observador. Na base deste apoio está o facto da ilha ser dos territórios no mundo com melhores resultados registados no combate à covid-19.

No entanto, a China já fez saber que não vai permitir tal participação, mantendo a tese de que este apoio dado a Taiwan tem pressupostos políticos e não de saúde.

Desde o início da pandemia que Taiwan se tem queixado que a sua proibição de colaborar com a OMS tem privado o mundo de seguir o seu exemplo e tem colocado vidas taiwanesas em risco por não ter acesso a todos os dados. Por seu lado, a OMS tem defendido que tem prestado o apoio que é necessário à ilha.

Este diferendo voltou a colocar a China e os EUA em rota de colisão, sendo que o executivo de Donald Trump decidiu mesmo deixar de financiar a OMS, acusando-a de seguir políticas pró-Pequim.