A ação realiza-se na barragem de Cedillo, na fronteira dos dois países e é organizada pelo Movimento Ibérico Antinuclear (MIA), que exige o encerramento da central e futuro desmantelamento, como explicou à Lusa Nuno Sequeira, ambientalista da associação Quercus e também coordenador do MIA.
O Governo espanhol, mas também o português, devem tomar “medidas fortes” no sentido de não autorizarem “a continuidade em funcionamento” da central, que está a atingir os 40 anos e pode representar “uma séria ameaça, não só a Espanha mas também a Portugal e a toda a Europa”.
“O perigo só termina quando o Governo espanhol anunciar a data para o encerramento da central e medidas que conduzam ao encerramento e depois desmantelamento da estrutura”, salientou o responsável.
As três empresas de eletricidade detentoras da central nuclear chegaram recentemente a acordo para pedir a extensão da licença de funcionamento de Almaraz, que termina em junho do próximo ano.
“Neste momento o Governo espanhol tem essa decisão para tomar (…), aguardamos que o Governo tome a decisão no sentido de não autorizar a continuação do funcionamento” da central, ou a autorizar que “seja por um período muito curto”, um “primeiro passo para o encerramento faseado”, disse Nuno Sequeira.
E quanto a essa decisão, salientou, Portugal “tem de ser ouvido”, já que a central nuclear está a uma distância muito curta da fronteira portuguesa, “tem tido problemas com regularidade”, e no caso de um acidente “Portugal pode ser afetado”.
Nuno Sequeira apelou ao Governo português “para que não deixe cair a questão” e disse que Almaraz deve fazer parte do debate na campanha das eleições legislativas deste ano.
O MIA lembra que a central fica na província de Cáceres a cerca de 100 quilómetros de Portugal e diz que tem havido incidentes e que houve já situações em que os níveis de radioatividade eram superiores ao permitido. Numa situação de contaminação de águas ou do ar Portugal, diz, pode ser afetado.
Num comunicado, o movimento pede que o Governo espanhol impeça “todas as tentativas” para alargar período de funcionamento da central, e que o Governo português atue “com mais celeridade e firmeza” e recorra de novo, se necessário, às autoridades europeias.
Nas declarações à Lusa Nuno Sequeira salientou que no final deste mês decorre em Madrid o Fórum Mundial Social Antinuclear, onde organizações de todo o mundo vão exigir aos governos que abandonem a produção de energia nuclear, “que comporta enormes riscos” e que “deixa para as próximas gerações uma herança pesadíssima” de resíduos radioativos.
Para já, hoje, os ambientalistas ibéricos vão concentrar-se de manhã junto da barragem de Cedillo, na fronteira com Espanha, em Nisa, e formar um cordão humano que simbolizará a ligação entre as duas margens do rio Tejo.
Durante a tarde os manifestantes concentram-se junto de uma jazida de urânio também em Nisa, para manifestar oposição a qualquer tipo de projetos de exploração de urânio na região.
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