“O voluntariado está a crescer, mas é pouco. É preciso que cresça muito mais. Por isso deixo aqui um apelo: às escolas, às empresas e às instituições mais variadas, mesmo as sem vertente de apoio social, para que abram mais espaço na sua vida normal ao voluntariado”, observou o chefe de Estado no Porto, na sessão encerramento da cerimónia dos 40 anos do Voluntariado do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, no Dia Internacional do Voluntariado.
Em relação às escolas, Marcelo Rebelo de Sousa sugeriu mesmo a introdução, “nos currículos, de um tempo devidamente valorizado para essa forma de responsabilidade social”, como acontece noutros países, em que “faz parte da educação uma componente de serviço comunitário”.
“Nas empresas, tem de haver tempo que vale como tempo de serviço que é dedicado a causas sociais, entre elas o voluntariado”, defendeu.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, também nas empresas “tem de haver mais” voluntariado, pois a atividade não pode partir “apenas de um conjunto de instituições isoladas”.
O Presidente reconheceu que “tem de ser processo lento, porque as instituições não têm recursos ilimitados”.
A intenção, frisou, é “institucionalizar e tornar como normal este tipo de procedimento”, para “incentivar o voluntariado”.
“Todo o apelo para que o voluntariado se multiplique é pouco, tal é a necessidade”, frisou.
“Quanto mais se multiplicam e alongam as patologias, mais surgem as necessidades de cuidados continuados, quanto mais envelhece uma sociedade, mais temos um leque de necessidades que se alarga”, acrescentou.
O Presidente da República notou ainda que “quanto mais as associações sofrem de faltas de meios e recursos, mais a tarefa do voluntariado é necessária”.
“Não substitui os recursos que não existem, mas mitiga efeitos psicológicos, faz o acompanhamento em situações que entretanto se agravaram”, defendeu.
Após agraciar voluntários que trabalham há 40, 30, 25 ou cinco anos na delegação do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que “ninguém é uma ilha”.
“Não há ilhas, o que dá sentido à nossa vida é servir os outros”, disse.
O chefe de Estado observou que, embora esteja a crescer em Portugal, o voluntariado representa “menos de 8%”, ficando abaixo de “metade da média da União Europeia [UE]”.
Portugal está, por isso, em 26.º lugar no que diz respeito a voluntariado na EU”, tendo atrás de si apenas “a Roménia e a Bulgária”.
“São muitos, são 695 mil [voluntários], mas são poucos para as necessidades da população portuguesa”, frisou Marcelo Rebelo de Sousa.
Referindo os voluntários informais, “que até há pouco tempo nem tinham estatuto legal”, o PR disse esperar que “tenham rapidamente o estatuto regulamentado”.
“Depois, há um voluntariado formal que é essencial para o tecido social. Foi essencial nos períodos de crise. E é essencial no dia a dia, contribuindo para o reforço dos laços solidários no nosso país. São eles que contribuem todos os dias, semanas e meses para reforçar o entrosamento dos laços sociais na nossa comunidade, o acompanhamento dos que mais sofrem, que mais necessitam, que mais dependem”, assinalou.
Para Marcelo, isto é “tarefa para a qual não há gratidão que se possa exprimir”.
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