A sigla ECMO serve de abreviatura para Extra Corporeal Membrane Oxygenation [Oxigenação por Membrana Extracorporal] e segundo um documento disponibilizado online pelo Centro Hospitalar Universitário de Lisboa "constitui uma simplificação dos sistemas de circulação extra-corporal utilizados na cirurgia cardíaca, permitindo a substituição parcial ou total da função respiratória e/ou da circulatória". É uma técnica utilizada em cuidados intensivos.
De forma simplificada o dispositivo que procede a uma ECMO remove o sangue do doente através de um acesso venoso de grande calibre, habitualmente uma cânula, uma espécie de catetere, colocada na veia cava inferior, impulsionado por uma bomba centrífuga através de um oxigenador, sendo devolvido ao doente através de outra cânula, colocada na veia cava superior ou artéria ilíaca.
Segundo o documento, o processo é utilizado em casos de "insuficiência respiratória em que a ventilação mecânica invasiva não consegue assegurar a correta oxigenação e ventilação, ou em situações em que é mais benéfico manter o doente sem ventilação em pressão positiva, tais como, pneumonia bacteriana grave, asma, laceração traqueal ou fístula traqueobrônquica, contusão pulmonar e doentes a aguardar transplante pulmonar" ou como forma de suporte circulatório "em situações de cardioplegia pós-cardiotomia, miocardite, status pósenfarte agudo do miocárdio e em situações de paragem cardiorrespiratória refratária".
Em Portugal existem três centros hospitalares com resposta ECMO (Centro Hospitalar de Lisboa Central, o Centro Hospitalar Lisboa Norte e o Centro Hospitalar de São João), introduzida no país há 10 anos por causa da gripe A, sendo que o hospital São João, no Porto, é o centro de referência, com maior casuística no contexto da Península Ibérica, com uma média de 100 doentes admitidos em ECMO por ano.
O termo saltou para a ordem do dia quando o médico intensivista Roberto Roncon, coordenador do Centro de Referência de ECMO do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), deu uma entrevista à agência Lusa na qual explicou que o CHUSJ tinha 14 “máquinas que substituem o coração e os pulmões”, 11 das quais alocadas à covid-19, e afirmou que dizer que há recursos para tudo é “mentir e desresponsabilizar as pessoas”
“Em pandemia é uma ilusão acharmos que temos os recursos ideais. Nunca vamos ter. Se perguntar se tenho os recursos ideais para o programa de ECMO, não. Mas também não temos para cuidados intensivos, nem para a urgência (…). Não podemos ter mais procura do que oferta. Dizer a verdade é uma forma de responsabilizar as pessoas”, disse o especialista.
Desde a data da entrevista, 10 de novembro, até hoje o número pessoas internadas em cuidados intensivos, devido à pandemia de covid-19, aumentou em 24. Da mesma maneira, começaram também a surgir várias notícias de transferências de doentes infetados com o novo coronavírus que precisaram de mudar de hospital para puderem ser assistidos através da ECMO. Foi o caso de, por exemplo, o hospital São José, em Lisboa, que no sábado recebeu quatro doentes da região Norte que precisavam deste tipo de cuidados.
Este domingo, o hospital São João revelou ter uma vaga disponível para tratamento de doentes críticos com ECMO.
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