“A posição do Governo relativamente à Ala Pediátrica do S. João é uma autêntica fraude política. O OE [para 2019] não tem inscrito um cêntimo que seja para o avanço das obras da Ala Pediátrica do S. João. Em 2019, e provavelmente nos anos que se seguem, vamos continuar a ter crianças em tratamento em contentores. É uma situação perfeitamente indigna, absolutamente vergonhosa”, disse Nuno Botelho, em declarações à Lusa.
“Valha-nos que a nova ministra da Saúde, à época em que foi presidente da Administração Central do Sistema de Saúde, manifestou por diversas vezes a sua concordância com a concretização deste projeto”, acrescentou o presidente da ACP.
Botelho nota que “o Governo apenas autorizou o Hospital de S. João a lançar um concurso para o projeto desse edifício”, mas aquela unidade hospitalar “já tem um projeto para a Ala Pediátrica, que custou 700 mil euros”.
“Agora o Governo quer um novo concurso para um novo projeto. Isto fará com que tudo se atrase, pelo menos, durante mais um ano ou ano e meio. E só depois, nessa altura, daqui a mais de um ano, será possível tentar lançar concurso para a obra”, alertou.
Para o responsável, “ter crianças em tratamento em contentores” não é “admissível num país civilizado, que pertence à União Europeia”.
“E é mais vergonhoso e mais indigno ainda quando se trata de crianças”, destacou.
Botelho observa que, “no sábado, um conjunto de personalidades da sociedade civil do Porto, bem com um conjunto de pais de crianças em tratamento no S. João, vão promover um cordão humano, voltando, mais uma vez, a denunciar a situação da Ala Pediátrica”.
“Até porque a questão, como digo, continua bloqueada: não há no OE para 2019 um só cêntimo que seja para o Pediátrico do S. João”, frisou.
O Governo autorizou no dia 19 de setembro a administração do Centro Hospitalar Universitário de São João a lançar o concurso para a conceção e construção das novas instalações do Centro Pediátrico.
A autorização foi concedida através de despacho assinado pelos ministros das Finanças, Mário Centeno, e da Saúde, Adalberto Fernandes, publicado no Diário da República.
Há dez anos que o hospital tem um projeto para construir uma nova ala pediátrica, mas desde então o serviço tem sido prestado em contentores.
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