O fenómeno está a obrigar as autoridades a tomar medidas drásticas para fazer face às vagas de calor, que são, segundo os especialistas, mais uma ilustração das alterações climáticas.
Segundo a Força Aérea italiana, organismo responsável pelas previsões meteorológicas em Itália, a partir de hoje o sul do país deverá registar temperaturas ligeiramente superiores a 38.° Célsius na Sardenha, Sicília, Calábria e Apúlia, “com picos de 40.° ou mais”.
No domingo, Roma tem previsto marcar 43.º nos termómetros, mas será na Sardenha que as altas temperaturas mais se farão sentir, aguardando-se que atinjam os 48.º.
O fim de semana será “muito quente” em muitas cidades do centro e sul do país, e “as temperaturas poderão atingir 40.° ou mais, sobretudo no domingo”, advertiu a Força Aérea italiana.
“A bacia mediterrânica e o centro e sul de Itália estão cobertos por um manto de ar muito quente. Infelizmente, isto não é novidade: as alterações climáticas estão a tornar este tipo de situação muito mais frequente e muito mais intenso do que no passado, incluindo o passado recente”, disse Claudio Cassardo, meteorologista e professor na Universidade de Turim, citado sexta-feira pelo diário Il Messaggero.
A Espanha, o leste de França, a Alemanha e a Polónia também estão a sofrer uma onda de calor generalizada.
Ainda na Europa, a norte do Mediterrâneo, a Grécia está a sofrer com uma vaga de calor que obrigou as autoridades locais a encerrar sexta-feira a Acrópole de Atenas durante as horas de maior calor.
O encerramento das visitas ao monumento, que é Património Mundial da UNESCO e o mais visitado da Grécia, deverá ser prolongado para hoje “para proteção dos trabalhadores” e dos “visitantes”, explicou a ministra da Cultura e do Desporto grega, Lina Mendoni.
Embora sejam esperadas temperaturas de 40°C a 41°C em Atenas, “a temperatura real sentida […] pelo corpo é consideravelmente mais elevada” no topo da Acrópole, segundo a ministra.
Na quinta-feira, a Cruz Vermelha foi colocada no sopé da Acrópole para distribuir “pelo menos 30.000 garrafas de água de 50 centilitros por dia” para ajudar os turistas que possam sofrer de insolação ou desmaios.
O calor também está a afetar intensamente a margem sul do Mediterrâneo, atingindo particularmente Marrocos, que tem vindo a sofrer uma série de ondas de calor desde o início do verão, com as autoridades a emitirem sexta-feira um alerta vermelho para várias províncias.
Na Ásia, algumas regiões da China, incluindo a capital Pequim, estão também a ser afetadas por uma grave vaga de calor, bem como algumas zonas do leste do Japão, que também deverão atingir 38-39.° no domingo e na segunda-feira, de acordo com os meteorologistas locais.
Do outro lado do globo, o sul dos Estados Unidos está sob uma forte onda de calor, em que dezenas de milhões de norte-americanos, da Califórnia ao Texas, se debateram sexta-feira com temperaturas perigosamente elevadas, que também deverão atingir o pico durante o fim de semana.
Phoenix, a capital do Arizona, registou sexta-feira o 15.º dia consecutivo com mais de 43 graus, de acordo com o serviço meteorológico dos EUA (NWS).
A nível mundial, junho foi o mês mais quente desde que há registo, segundo a agência europeia Copernicus e as agências americanas NASA e NOAA, e a primeira semana de julho foi também a mais quente de sempre, segundo dados preliminares da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que considera o calor um dos fenómenos meteorológicos mais mortíferos.
No verão passado, só na Europa, as temperaturas elevadas causaram mais de 60.000 mortes, segundo um estudo recente.
Além dos problemas de saúde, a vaga de calor está também a provocar o receio de incêndios e, na Grécia, as autoridades locais alertaram para o elevado risco de fogos nas regiões onde se preveem ventos fortes. A Grécia foi, no verão de 2021, vítima de violentos incêndios florestais devido a uma onda de calor excecional.
Na América do Norte, o verão já foi marcado por uma série de catástrofes meteorológicas. O fumo dos incêndios no Canadá, onde mais de 500 fogos estão fora de controlo, provocou vários episódios de forte poluição atmosférica no nordeste dos Estados Unidos em junho.
Ao longo da última semana, inundações catastróficas atingiram também o estado de Vermont, no nordeste dos Estados Unidos, bem como noutras partes do mundo.
Os cientistas sublinham que o aquecimento global pode contribuir para uma precipitação mais frequente e intensa face ao aumento do vapor de água na atmosfera.
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