“Recebemos relatos de detenções e assédio generalizados de mulheres e raparigas, muitas vezes com idades entre 15 e 17 anos”, disse um dos porta-vozes do Alto Comissariado, Jeremy Laurence, durante uma conferência de imprensa

O porta-voz disse que o ACNUDH recebeu relatos indicando que “a polícia iraniana está a utilizar a repressão violenta em todo o país contra mulheres e raparigas, e contra os homens que as apoiam, a fim de fazer cumprir as rigorosas leis do ‘hijab'”.

Nos últimos meses, insistiu Laurence, a polícia tem “aplicado cada vez mais” essas leis.

O porta-voz indicou que há relatos de centenas de empresas que foram encerradas à força porque não aplicaram as leis do véu islâmico, bem como o uso de câmaras de vigilância para identificar as motoristas infratoras.

Em meados de abril, a polícia iraniana anunciou que tinha reforçado os seus controlos sobre o uso obrigatório do véu pelas mulheres na rua, lamentando que fosse cada vez menos respeitado.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres são obrigadas a cobrir os cabelos em locais públicos.

Entretanto, cada vez mais mulheres aparecem sem véu, especialmente desde o movimento de protesto desencadeado pela morte, em setembro de 2022, de Mahsa Amini – uma jovem detida pela polícia dos costumes por violar o rigoroso código de vestuário em vigor no país.

O ACNUD explicou hoje que o chefe do Corpo da Guarda Revolucionária (IRGC) anunciou em 21 de abril a criação de um novo órgão responsável pelo cumprimento das leis sobre o véu islâmico.

Além disso, disse Laurence, o Alto Comissariado da ONU está “muito preocupado com o facto de um projeto de lei – intitulado “apoiar a família através da promoção da cultura da castidade e do ‘hijab'” — que pretende impor sanções ainda mais severas está pronto para ser aprovado pelo Conselho dos Guardiões.

O Alto Comissariado apela também às autoridades iranianas para que anulem a sentença de morte do rapper Toomaj Salehi, detido pelo seu apoio ao movimento de protesto de 2022 no Irão, e apela à sua “libertação imediata e incondicional”.