O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) anunciou esta sexta-feira que registou no Parlamento uma moção de censura contra o governo de Rajoy, para tentar derrubar o Executivo e formar um novo governo.
O candidato para substituir Rajoy como chefe de Governo será Pedro Sánchez, líder do PSOE, que atualmente não é deputado na Câmara.
Para alcançar o objetivo, a moção precisa do apoio de 176 deputados de um total de 350, uma maioria difícil de alcançar por uma oposição muito dividida.
A maioria exigiria o apoio do partido radical de esquerda Podemos, que já anunciou o respaldo, mas também dos partidos nacionalistas bascos e catalães, uma opção muito complicada, pois Sánchez estabeleceu uma frente comum com o governo do PP ante o desafio separatista da Catalunha.
A maioria seria a única possível, já que o partido liberal Ciudadanos, que rivaliza com o PP nas pesquisas, não vai apoiar a moção de censura e exige que Rajoy convoque eleições nas próximas semanas.
O líder do Ciudadanos, Albert Rivera, afirmou que a condenação do PP "liquidou a legislatura".
"Precisamos de um governo limpo e forte que enfrente o desafio separatista. Apoiamos a solução democrática: ou Rajoy convoca eleições ou o Congresso com a moção instrumental", disse.
O partido Ciudadanos, que pretende no futuro governar Espanha, não vai facilitar a chegada dos socialistas ao poder.
"A moção apresentada por Sánchez, supomos que com o apoio de populistas e separatistas, não é a moção do Ciudadanos, não vamos estar lá. Vamos opor-nos a essa moção", afirmou o número dois do partido libera, José Manuel Villegas.
A crise explodiu um dia depois do anúncio da condenação do PP como beneficiário de um caso de financiamento ilegal.
O caso conhecido como "Gürtel" era um sistema pelo qual, entre 1999 e 2005, dirigentes do PP foram subornados em várias regiões da Espanha para conceder contratos públicos a empresas "amigas".
A Audiência Nacional, tribunal competente para casos de corrupção, condenou 29 pessoas a um total de 351 anos de prisão. Os dois principais responsáveis pelo caso, o ex-tesoureiro do PP Luis Bárcenas e o empresário Francisco Correa, foram condenados a 33 anos e 4 meses e a 51 anos e 11 meses de prisão, respectivamente.
A Audiência também condenou o PP a pagar 245.492 euros como "partícipe a título lucrativo" da rede de corrupção, uma decisão da qual o partido conservador, presidido por Rajoy desde 2004, pretende recorrer.
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