"A situação não é exclusiva do Amadora Sintra e é transversal a muitos hospitais do país", declarou à agência Lusa o bastonário Miguel Guimarães.
A Ordem está preocupada com o cumprimento do rácio dos especialistas e com a dotação das equipas de ginecologia e obstetrícia, sobretudo em serviço de urgência.
O bastonário indicou que o colégio de especialidade de ginecologia e obstetrícia vai elaborar um documento a enviar ao Ministério da Saúde a alertar para as regras que têm de ser cumpridas quanto à formação de equipas.
Neste documento, que vai ser depois tornado público, vão ser ainda identificadas algumas situações mais problemáticas em várias unidades do país.
Miguel Guimarães, que vai visitar a urgência do Amadora Sintra na próxima semana, indica que dará "todo o apoio" aos médicos que pretendam demitir-se "em defesa dos doentes e da qualidade da Medicina".
Os chefes de equipa de ginecologia e obstetrícia do hospital Amadora-Sintra ameaçam demitir-se dentro de duas semanas se não forem resolvidos os problemas identificados, como as condições de assistência na urgência.
Numa carta, a que a agência Lusa teve acesso, os profissionais consideram que “as atuais condições de assistência no serviço de urgência de ginecologia e obstetrícia do hospital Fernando Fonseca ultrapassaram, em várias das suas vertentes, os limites mínimos de segurança aceitáveis para o tratamento dos doentes críticos que diariamente a ele recorrem”.
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha, confirmou à agência Lusa que esta carta foi hoje entregue à administração do hospital e adiantou que os internos desta especialidade do hospital Fernando Fonseca assinaram também uma minuta em que dão conta de que se recusarão a fazer mais do que as 200 horas de urgência por ano a que estão obrigados.
“As equipas têm ultrapassado todas as dificuldades e constrangimentos com que se têm deparado, tentando manter, com enorme esforço, nem sempre reconhecido, os padrões de qualidade e segurança históricos neste serviço de urgência”, refere a carta dos chefes de equipa.
Os chefes de equipa argumentam ainda que não podem “aceitar as situações criadas, continuando a assumir as responsabilidades inerentes à sua função (…) face à degradação da qualidade assistencial no serviço de urgência do hospital Fernando Fonseca”.
Tal como os chefes de equipa demissionários do hospital de São José, estes profissionais indicam que era necessário um “plano de emergência” baseado na gestão racional de recursos financeiros e humanos, mas centrado no doente.
Na carta, indicam que há uma “degradação progressiva” pela não renovação e pela diminuição das equipas, “associada a um desaparecimento de condições essenciais” para o funcionamento correto da urgência, dando como exemplos a diminuição das salas com apoio de enfermagem. Referem ainda ausência de contratação de médicos jovens que rejuvenesçam as equipas.
Os médicos do Fernando Fonseca afirmam que têm alertado várias vezes para estes problemas, sem que até ao momento haja “tomada de medidas com vista à diminuição das suas consequências”.
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