Lisboa tornou-se hoje Capital Verde. O futuro — que vemos sempre lá para a frente — acabou de chegar. Das ciclovias aos espaços verdes, do reaproveitamento da água aos painéis fotovoltaicos. Com os olhos nos oceanos e no que é preciso fazer para os manter como os conhecemos e com as mãos na terra, mais não seja para plantar as tão bem-vindas árvores na cidade (o que vai mesmo acontecer, já amanhã).

Ouvimos apelos constantes. Os avisos não param de chegar: é preciso mudar mentalidades e hábitos. O planeta que temos é este, há que preservá-lo. É preciso ter futuro.

Marcelo Rebelo de Sousa elogiou hoje a ação de Portugal por um ambiente sustentável, declarando o seu apoio ao Governo nesta matéria, e o papel do secretário-geral das Nações Unidas no combate às alterações climáticas. António Guterres, por sua vez, enumerou três batalhas, que na sua ótica estão a ser perdidas: biodiversidade, preservação dos oceanos e inversão das alterações climáticas.

E deixou um recado a reter: “É absolutamente indispensável inverter este estado de coisas e o ano de 2020 é um ano essencial para conseguirmos essa inversão”, defendeu.

Mas olhemos para algumas coisas concretas a acontecer em Lisboa, nos primeiros meses do ano:

  • Janeiro: Exposição “ONE o Mar como nunca o sentiu”, no Oceanário de Lisboa, que inaugura amanhã. Esta é uma exposição imersiva que começa por um corredor escuro e se abre numa sala com 10 ecrãs de vídeo gigantes, com mar dos dois lados. E peixes.
  • Março: Exposição sobre parques e reservas naturais do país no Museu Nacional de História Natural.
  • Abril: Inauguração do Museu da Reciclagem (ReMuseu), em Alcântara.

Depois de todas as chamadas de atenção que foram deixadas neste dia que foi assim e que vamos continuar a ouvir ao longo dos próximos tempos, eu sou a Alexandra Antunes e quero deixar aqui parte de um outro Recado, este de Al Berto — que faria 72 anos neste 11 de janeiro.

ouve-me
que o dia te seja limpo e
a cada esquina de luz possas recolher
alimento suficiente para a tua morte

vai até onde ninguém te possa falar
ou reconhecer - vai por esse campo
de crateras extintas - vai por essa porta
de água tão vasta quanto a noite

deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te
e as loucas aveias que o ácido enferrujou
erguerem-se na vertigem do voo - deixa
que o outono traga os pássaros e as abelhas
para pernoitarem na doçura
do teu breve coração - ouve-me

que o dia te seja limpo
e para lá da pele constrói o arco de sal
a morada eterna - o mar por onde fugirá
o etéreo visitante desta noite