“Acompanho esse encontro com uma oração intensa, pois ali há necessidade de paz, e convido-vos a fazer o mesmo para que essa iniciativa de diálogo político contribua para dar frutos de paz nesse território e ao seu povo”, disse o líder da Igreja Católica, após a oração do Ângelus aos fiéis que assistiram ao momento religioso na praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano.

O Papa referia-se à reunião do chamado Quarteto da Normandia, que vai realizar-se na segunda-feira, em Paris, com a presença do Presidente ucraniano Volodímir Zelenski, o russo Vladimir Putin, o francês Emmanuel Macron e a chanceler alemã Angela Merkel.

Esta vai ser a primeira reunião desse nível desde 2016, da qual se espera um novo impulso para uma solução de diálogo para o conflito no leste da Ucrânia, que eclodiu em 2014 entre separatistas pró-russos e tropas de Kiev.

Na reunião de segunda-feira do Quarteto da Normandia, em Paris, os líderes de França e Alemanha vão procurar recuperar um acordo de 2014 para sanar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

O foco da reunião será o conteúdo do acordo de Minsk – que propôs um cessar-fogo imediato, a retirada de armas pesadas, a restauração do controlo territorial na fronteira com a Rússia por parte de Kiev e maior autonomia para a zona sob controlo separatista — que, apesar de assinado em setembro de 2014, nunca chegou a entrar em vigor.

O porta-voz do Governo de Moscovo, Dmitri Peskov, fala mesmo da possibilidade de um novo documento, “não vinculativo”, que pode vir a ser adotado no final da cimeira de Paris e que retome algumas das ideias do protocolo de Minsk.

Contudo, o antecessor de Zelenskiy no cargo, Petro Poroshenko, deixou-lhe um conselho, na véspera da cimeira de Paris: “Nunca confie em Putin”.

Do Palácio do Eliseu, um comunicado anunciou a cimeira de Paris como acontecendo após “um progresso significativo, desde as negociações do verão passado para uma solução no conflito no leste da Ucrânia, progresso esse que já permitiu a retirada de tropas em diversas áreas de fronteira”.

Ucrânia e Rússia têm trocado prisioneiros e retiraram soldados de várias regiões de conflito num sinal de boa vontade mútua, reconhecida pelos negociadores de paz.

Na sexta-feira, o presidente ucraniano visitou as suas tropas na frente de combate contra os rebeldes pró-russos, junto à fronteira com a Rússia, para lhes dizer que, apesar de todas as dúvidas, “é mais fácil ir para a mesa das negociações” sabendo do seu apoio no campo de batalha.

O conflito entre a Ucrânia e os separatistas pró-russos já provocou mais de 13 mil mortos e a anexação da Crimeia por parte de Moscovo, em 2014, deixou feridas que ainda estão por sarar e que ficaram ainda mais expostas com sucessivos ataques russos, por mar e terra, contra as Forças Armadas ucranianas.

A União Europeia e os Estados Unidos acusam Moscovo de financiar e armar os rebeldes pró-russos, o que Vladimir Putin tem negado, devolvendo as críticas a Kiev, a quem imputa responsabilidade pelo impasse nas negociações.

O Quarteto da Normandia tem procurado várias soluções diplomáticas, sobretudo através de conversas telefónicas entre os líderes e, em vários momentos, juntando o apoio de países como a Bielorrússia, Itália e Reino Unido, mas sem grande sucesso.