Em declarações à Agência Lusa, Farage indicou que tem um plano a seis anos para promover um “realinhamento da direita” no país, atualmente dominada pelos ‘tories’ (conservadores) do primeiro-ministro, Rishi Sunak.
Resignado à vitória do Partido Trabalhista (principal força da oposição britânica) nas eleições legislativas de 4 de julho tendo em conta a vantagem de 20 pontos percentuais nas sondagens, Farage, presidente honorário do Partido Reformista britânico (Reform UK, o antigo Partido do Brexit), está a planear os próximos passos.
A curto prazo, o político espera que o Reform UK consiga contrariar as expectativas, eleger e aumentar a representação na Câmara dos Comuns (câmara baixa do parlamento) para além de Lee Anderson, que desertou dos conservadores.
“Não sei quantos, mas vamos eleger deputados”, afirmou à Lusa.
As sondagens não são favoráveis. Atualmente as intenções de voto rondam os 12%, o que, segundo os analistas, seria insuficiente para eleger deputados.
Recentemente, em eleições legislativas parciais, em maio, os reformistas absorveram alguns votos dos conservadores e ficaram em terceiro lugar na circunscrição de Blackpool South.
As políticas populistas de direita, de combate à imigração e às políticas ambientais, apelam a um grande número de eleitores do norte e centro de Inglaterra.
O principal desafio é o sistema eleitoral de maioria simples, que favorece os principais partidos.
O Reform UK defende a mudança para um sistema de representação proporcional, que dá mais oportunidades aos pequenos partidos.
Outro grande obstáculo será convencer os eleitores a não escutar o argumento de Rishi Sunak de que votar noutros partidos sem ser o conservador vai contribuir para eleger o líder trabalhista, Keir Starmer, para o cargo de primeiro-ministro.
Nigel Farage calcula que, mais perto das eleições, “quando perceberem que conservadores não têm hipóteses de ganhar”, vão arriscar nos reformistas.
É no pressuposto de que ainda existe um grande número de apoiantes do ‘Brexit’ (a saída britânica da União Europeia) insatisfeitos que Farage espera que o Reform UK se torne na “voz da oposição a um governo trabalhista ao longo dos próximos cinco anos”.
O antigo eurodeputado, considerado um dos mentores da saída do Reino Unido da União Europeia, pretende aproveitar a instabilidade dentro do Partido Conservador para se afirmar como a oposição de direita no parlamento.
“Depois do ‘Brexit’ decidi mudar o nome do partido [do Brexit] para Reform inspirado pelo Partido Reformista do Canadá”, contou à Lusa.
Os reformistas canadianos desempenharam um papel importante na criação da Aliança Canadiana em 2000, e no desaparecimento do Partido Conservador Progressista.
Estes últimos dois fundiram-se em 2003 no atual Partido Conservador canadiano, que chegou ao poder três anos mais tarde, em 2006, só perdendo para os liberais do atual primeiro-ministro Justin Trudeau em 2015.
Depois de ter admitido estar aberto a “conversar” com os conservadores em declarações ao jornal The Sun esta semana, Nigel Farage recuou e alegou que estava a ser sarcástico.
Nas eleições legislativas no Reino Unido a 4 de julho, convocadas pelo primeiro-ministro, o conservador Rishi Sunak, no passado dia 22 de maio, vão estar em jogo os 650 mandatos na Câmara dos Comuns.
O Partido Conservador está no poder desde 2010.
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