“Não será com o nosso voto contra que não se esclarecerá tudo o que há para esclarecer. Agora, não podemos lidar com o cinismo e a hipocrisia”, afirmou o líder comunista, Paulo Raimundo, em declarações aos jornalistas em Évora.

Falando à margem de uma visita ao Laboratório Hércules da Universidade de Évora, o dirigente do PCP advertiu que “os grandes interesses ficam sempre fora do escrutínio” e que outros casos “ganham uma expressão que até é completamente desproporcional”.

“O que estranhamos é que uma coisa, como a privatização da ANA, naquilo que aponta, de facto, para um crime económico, no mínimo, tenha sido recusada e esta, eventualmente, possa vir a ser aprovada”, frisou.

Paulo Raimundo lembrou que os comunistas viram ser chumbada, em abril passado, a criação de uma comissão parlamentar de inquérito à privatização da ANA — Aeroportos, com os votos contra de PSD, PS e CDS.

“Não posso deixar de aproveitar a oportunidade para dizer que, ainda há bem pouco tempo, tivemos uma proposta de uma comissão de inquérito sobre a privatização da ANA, que lesou o Estado em mais de 20 mil milhões de euros”, sublinhou.

O Chega e a Iniciativa Liberal (IL) propuseram hoje a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão financeira e à tutela política da SCML.

No caso da IL, afirmou à Lusa a líder parlamentar, Mariana Leitão, o partido decidiu avançar com esta proposta por considerar que as várias audições que têm sido feitas no parlamento sobre a SCML não têm “clarificado muita coisa”.

Já o presidente do Chega, André Ventura, disse que não querer “banalizar as comissões parlamentares de inquérito”, mas considerou que este é “o único instrumento que pode apurar a verdade sobre as acusações graves de uso indevido de dinheiro público” na SCML.

A administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa foi exonerada a 29 de abril passado.

Esta situação levou na quarta-feira Ana Jorge a ser ouvida no parlamento e hoje é a vez da ministra Maria do Rosário Ramalho dar explicações aos deputados.