O tremor de terra ocorreu às 04:17 (01:17 em Lisboa) de hoje, a 33 quilómetros da capital da província de Gaziantep, no sudeste da Turquia, próximo da fronteira com a Síria, a uma profundidade de 17,9 quilómetros.
Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) o sismo registou uma magnitude de 7,8 e sentiram-se dezenas de réplicas, uma das quais de pelo menos 7,6.
O número de mortos provocado pelo forte sismo foi aumentando ao longo do dia e o último balanço dá conta de pelo menos 3.000 na Turquia e na Síria, com relatos de milhares de feridos e de prédios destruídos.
De acordo com o serviço turco de proteção civil (Afad), o sismo matou 1.760 pessoas na Turquia e feriu pelo menos 12.068, havendo registo de cerca de 3.700 prédios destruídos.
Na Síria, país há mais de 11 anos em guerra civil, os balanços do regime de Damasco e dos rebeldes apontam para quase 1.300 mortos e quase 3.500 feridos.
Segundo a agência noticiosa oficial Síria, SANA, 593 pessoas morreram nas áreas controladas pelas forças governamentais, e o grupo de resgate Capacetes Brancos fala em pelo menos 700 mortes na área controlada pelas forças rebeldes, no noroeste do país.
Informações oficiais dão conta do colapso de edifícios nas cidades sírias de Alepo e Hama e em Diyarbakir, na Turquia, neste caso a mais de 300 quilómetros do epicentro.
O sismo de hoje foi um dos mais fortes em 100 anos, a par do que abalou Erzincan, no leste da Turquia, em 26 de dezembro de 1939, também com magnitude de 7,8. Este terremoto de 1939 deixou mais de 32.000 mortos e provocou um ‘tsunami’ no Mar Negro, localizado a cerca de 160 quilómetros do epicentro.
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, decretou luto nacional de sete dias e, de acordo com o decreto hoje publicado pelo Governo, as bandeiras serão colocadas a meia haste até ao pôr do sol de domingo.
O Governo turco anunciou também que, a partir de terça-feira, vai organizar uma retirada controlada das zonas mais devastadas.
Segundo dados da Presidência turca, 3.741 edifícios foram destruídos ou danificados nas dez províncias do sudeste da Turquia mais afetadas pelo terremoto.
As autoridades de Ancara informaram também que, apesar de terem sido registadas fissuras em algumas albufeiras e barragens nas zonas mais afetadas, não se verificam danos estruturais, embora continuem a ser monitorizadas.
Também foi descartado o risco de ‘tsunami’ na costa mediterrânea da Turquia.
O Governo turco anunciou, por outro lado, que as escolas das dez províncias mais afetadas vão estar encerradas até 13 de fevereiro e as competições desportivas foram canceladas.
O serviço de emergência turco, Afad, informou que 9.700 equipas de resgate estão a participar no trabalho de localização e assistência às vítimas.
Segundo declarações do Presidente turco, hoje de manhã, 2.470 pessoas tinham sido resgatadas com vida dos escombros.
O trabalho de busca e salvamento está a ser dificultado pelas baixas temperaturas e pelos nevões dos últimos dias.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, instou hoje a comunidade internacional a ajudar milhares de famílias atingidas, salientando que “muitas já necessitavam urgentemente de ajuda humanitária”.
O Governo sírio pediu hoje ajuda internacional, mas negou ter solicitado a Israel o apoio que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse ter aprovado.
A par de países como Israel e os Estados Unidos, França enviará na noite de hoje 139 equipas de resgate da segurança civil para a Turquia, revelou o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin.
O Reino Unido vai enviar 76 especialistas em busca e salvamento, quatro cães treinados para este tipo de operações e equipamento como dispositivos de escuta sísmica, ferramentas de corte e fragmentação de betão e material para escoramento dos destroços.
Vários líderes mundiais expressaram condolências e manifestaram disponibilidade para ajudar, como o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, os presidentes norte-americano, Joe Biden, e francês, Emmanuel Macron, o Papa Francisco, o chanceler alemão, Olaf Scholz, os chefes de estado da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Volodymyr Zelensky — países em guerra desde fevereiro do ano passado — ou ainda o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis – país que mantém relações tensas com Ancara.
A Comissão Europeia está, por sua vez, a coordenar o envio de equipas de resgate dos Estados-membros para se juntar às buscas por sobreviventes.
O comissário europeu de Gestão de Crises, Janez Lenarcic, assinalou, numa mensagem partilhada na rede social Twitter, que Bruxelas ativou o Mecanismo de Proteção Civil da UE. Mais tarde foi anunciado que dez equipas de busca e salvamento urbanos disponibilizadas por oito Estados-membros estão já na Turquia a dar assistência.
A presidência semestral sueca do Conselho da União Europeia (UE) manifestou igualmente a disponibilidade para ajudar a Turquia e a Síria.
Os abalos foram sentidos também no Líbano e no Chipre e registados em várias redes sísmicas, como a do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, tendo o INEM colocado em prontidão operações de resgate nos territórios afetados, em articulação com a Proteção Civil, anunciou hoje o Ministério da Saúde.
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