"Estou consciente de que os resultados alcançados durante o meu governo foram bem recebidos por uma parte [da população], mas reconheço que desapontaram outros compatriotas. A eles peço perdão de todo coração", disse Fujimori, de 79 anos, num vídeo publicado no Facebook.
O indulto concedido a Fujimori, decretado na véspera do Natal, espoletou uma nova crise política contra Kuckynski, que, na quinta-feira, escapou à destituição pelo Congresso ao receber apoio de uma fação favorável ao fujimorismo.
Kuczynski é acusado de mentir por não revelar serviços de assessoria prestados à brasileira Odebrecht.
A polémica estalou na sequência do indulto concedido a Fujimori, motivando protestos nas ruas. A primeira grande manifestação reuniu pelo menos 5.000 pessoas em Lima, que não só criticaram o indulto, como exigiram a renúncia de Kuczynski.
Kuczynski fez um discurso na segunda-feira à noite à nação, transmitido por rádio e televisão, no qual tentou justificar o indulto alegando que o concedeu para tentar reconciliar o país antes que Fujimori morresse na prisão. "Estou convencido que aqueles que são democratas não devem permitir que Alberto Fujimori morra na prisão, porque justiça não é vingança", disse o presidente. "Foi a decisão mais difícil da minha vida", acrescentou.
Fujimori continua a ser popular apesar dos abusos cometidos durante o seu regime. Muitos reconhecem-lhe mérito por ter conseguido derrotar os guerrilheiros do Sendero Luminoso e o MRTA, e estabilizar a economia após a crise da hiperinflação produzida sob o primeiro governo de Alan García (1985-1990).
De acordo com sondagens recentes, 65% dos peruanos são favoráveis ao indulto a Fujimori.
As reações ao indulto são reflexo de um país polarizado, dividido entre simpatizantes do fujimorismo e os seus críticos.
Fujimori cumpria pena de 25 anos de prisão por crimes contra a humanidade, nomeadamente pelos assassinatos por esquadrões da morte do Exército durante o seu regime. As famílias das vítimas pretendem recorrer à justiça para pedir a anulação do indulto.
Fujimori, de 79 anos, passou a primeira noite em liberdade hospitalizado na clínica em que foi internado no sábado devido a uma arritmia cardíaca e queda de pressão.
Dezenas de fujimoristas manifestaram o seu apoio ao ex-presidente diante da clínica.
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