Em comunicado, a PJ de Setúbal revelou que os suspeitos são funcionários que exerciam funções na receção e medição da matéria-prima adquirida pela Navigator, única unidade industrial de pasta de papel naquele distrito.
Segundo a PJ, em conluio com alguns fornecedores e “a troco de elevadas contrapartidas pecuniárias, adotaram um conjunto de procedimentos fraudulentos, relativamente à qualidade, quantidade, espécie, peso e densidade da matéria-prima inspecionada, lesando a empresa em milhões de euros”.
“Estes indivíduos, caso aceitassem uma madeira que não tinha as características correspondentes ao preço que a empresa ia pagar, mandavam-na de imediato para o triturador, e, no fundo, apagavam as provas”, acrescentou, em declarações à agência Lusa, o diretor da PJ de Setúbal, Vítor Paiva.
“Passava a ser tudo restos de madeira triturada. E dificilmente se percebia se era choupo ou eucalipto, quais as quantidades de choupo ou eucalipto, ou se a madeira tinha ou não fungos, o que, obviamente, diminui o valor que a empresa ia pagar pela carga, caso a aceitasse”, sublinhou o responsável da PJ de Setúbal.
Segundo Vítor Paiva, a investigação, que teve início na sequência de uma denúncia da própria empresa, levou à operação policial desencadeada hoje e que envolveu mais de 50 operacionais em duas dezenas de buscas, domiciliárias e não domiciliárias, a norte e sul do Tejo.
Na operação da PJ de Setúbal, foram constituídas arguidas cinco pessoas singulares e seis pessoas coletivas, além da detenção de 16 pessoas, de idades compreendidas entre os 31 e os 64 anos, por sobre eles recaírem fortes indícios da prática do crime de corrupção passiva no setor privado.
Os 16 detidos vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de eventuais medidas de coação.
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