O suspeito, atualmente a cumprir pena de prisão na Alemanha, terá vivido no Algarve durante períodos entre 1995 e 2007 e registos telefónicos colocam-no na área da Praia da Luz no dia em a criança inglesa desapareceu.

A Metropolitan Police, que está a investigar o desaparecimento numa investigação designada por Operação Grange, identificou uma carrinha caravana branca de marca Volkswagen que o suspeito, que não foi identificado, usou para viver e também um automóvel Jaguar ao qual teria acesso.

O Sub-Comissário Adjunto da Metropolitan Police, Stuart Cundy, disse hoje que o suspeito passou a interessar aos investigadores na sequência de um apelo público em 2017, no âmbito do 10.º aniversário do desaparecimento.

“O nome deste homem era conhecido da nossa investigação. Não vou dar detalhes sobre como era conhecido, mas já era conhecido antes de recebermos informação nova em 2017. Desde então temos continuado a trabalhar de forma muito próxima com colegas em Portugal e na Alemanha”, afirmou.

Este homem é a atual linha de investigação da polícia britânica, que chegou a identificar 600 "pessoas de interesse" e outros quatro suspeitos, que foram descartados após serem interrogados buscas realizadas em terrenos em Portugal.

"Temos boas relações com os colegas em ambos os países. E sei que estamos todos determinados em saber o que aconteceu e ver se este homem esteve envolvido no desaparecimento da Madeleine ou não", vincou.

O homem, que não foi identificado, é branco, tem nacionalidade alemã, e é descrito como sendo na altura magro, com 1,8 metros de altura e com cabelo louro curto.

No apelo público divulgado hoje, a polícia britânica identifica dois veículos que terão sido usados pelo suspeito, nomeadamente uma carrinha caravana Volkswagen T3 Westfalia do início dos anos 1980, branca com uma risca amarela na parte de baixo e com matrícula portuguesa.

O homem alemão terá vivido na carrinha entre pelo menos abril e maio de 2007 e a polícia espera receber informações de pessoas que tenham visto este veículo na zona da Praia da Luz antes ou depois de 3 de maio, quando a criança inglesa desapareceu.

Um segundo veículo, um Jaguar XJR 6 de matrícula alemã, terá sido também usado pelo suspeito, mas no dia 4 de maio o registo de propriedade foi transferido para outra pessoa na Alemanha, apesar de as autoridades britânicas acreditarem que na altura o carro ainda estava em Portugal.

Os dois veículos estão atualmente na posse das autoridades alemãs, que estão a colaborar na investigação, tal como a Polícia Judiciária, que tem jurisdição sobre o território português.

A polícia britânica identificou também dois números de telemóvel, um dos quais usado pelo suspeito no dia do desaparecimento para receber uma chamada entre as 19:32 e as 20:02 na zona da Praia da Luz.

Um segundo número foi identificado como tendo iniciado a chamada e, embora a pessoa não estivesse na Praia da Luz, os investigadores acreditam que possa ser uma testemunha importante.

A polícia britânica considera este telefonema importante porque aconteceu cerca de uma hora antes de quando se estima ter acontecido o desaparecimento e estão a pedir às pessoas para verificarem se os usaram, se os reconhecem ou se os têm registados nos seus contactos.

As autoridades britânicas mantêm uma recompensa de 20 mil libras (22,4 mil euro) para a informação que resulte na condenação da pessoa ou pessoas responsáveis pelo desaparecimento.

"Embora este homem seja suspeito, mantemos uma mente aberta quanto ao seu envolvimento e esta continua sendo uma investigação sobre pessoas desaparecidas. O nosso trabalho como detetives é seguir as pistas, manter a mente aberta e estabelecer o que aconteceu naquele dia em maio de 2007", disse hoje o responsável pela investigação, o Inspetor Chefe Mark Cranwell.

Suspeito alemão acusado de crimes de abuso sexual de menores

O Bundeskriminalamt, o Departamento Federal de Policia Criminal da Alemanha, confirmou hoje, em comunicado, estar a investigar um cidadão de 43 anos, acusado de vários crimes de abuso sexual de menores.

Na página oficial do BKA, pode ler-se que o suspeito, que se encontra preso na Alemanha, foi acusado de vários crimes, entre eles abuso sexual de crianças, estando atualmente a cumprir pena "por outras causas", sem especificar quais.

"No passado, o suspeito já tinha sido condenado a pena privativa de liberdade, duas vezes por abuso sexual de crianças do sexo feminino", adianta.

O homem de 43 anos, de origem alemã, terá vivido "mais ou menos permanentemente no Algarve durante períodos entre 1995 e 2007, inclusive por alguns anos numa casa entre Lagos e a Praia da Luz" e desempenhado vários trabalhos.

"Durante esse período, exerceu vários biscates na área de Lagos, entre outros, na restauração. Há também indícios que ele também ganhou a vida a cometer crimes como roubos em complexos de hotéis e apartamentos de férias, além de tráfico de drogas", continua a nota do BKA.

"As autoridades investigadoras conhecem alguns dos veículos que ele usava na época, vários pontos de contacto e um número de telemóvel português", acrescenta o Departamento Federal de Polícia Criminal.

O Ministério Público de Braunschweig, no estado da Baixa Saxónia, está também envolvido na investigação porque foi nesta região onde o suspeito residiu antes de deixar o país.

O BKA sublinha estar a trabalhar na investigação em estreita cooperação com as autoridades britânicas e portuguesas apelando a todos os alemães, numa mensagem já difundida num programa do canal ZDF, que colaborem com informações que possam ser úteis.

PJ prossegue investigação em Portugal 

Polícia Judiciária adiantou hoje que prosseguem em Portugal diligências no âmbito da investigação ao desaparecimento da criança inglesa Madeleine McCann, no Algarve, em 2007, confirmando as suspeitas de envolvimento de um cidadão alemão detido.

“Em estreita articulação com as Autoridades Alemãs (BKA) e Inglesas (Metropolitan Police), na partilha de informação, na realização de atos formais de investigação e de perícias, em Portugal e no estrangeiro, foram recolhidos elementos que indiciam a eventual intervenção, no desaparecimento da criança, de um cidadão alemão”, informa a Polícia Judiciária portuguesa numa nota publicada na sua página oficial na Internet.

Na nesma nota, “a Polícia Judiciária confirma que, no âmbito da investigação ao desaparecimento de uma criança inglesa, ocorrido no Algarve em 2007, continuam a ser desenvolvidas diligências, para o cabal esclarecimento da situação”.

A PJ diz ainda que "a família da criança desaparecida foi informada destes desenvolvimentos investigatórios, pelas autoridades inglesas".

Investigação prossegue no DIAP de Faro com inquirição de testemunhas

O Ministério Público revelou hoje que o inquérito sobre o desaparecimento de Madeleine McCann, em 2007 e que hoje conheceu novos desenvolvimentos, encontra-se em investigação com diligências em curso, designadamente inquirição de testemunhas.

No mesmo dia em que a polícia inglesa em simultâneo com a alemã revelaram ter identificado como suspeito um cidadão alemão de 43 anos, atualmente detido na Alemanha e que à data do desaparecimento da criança inglesa vivia no Algarve, a secção de Portimão do Departamento de Investigação e Ação Penal de Faro informou que a investigação em curso “tem-se desenvolvido com a cooperação das autoridades inglesas e alemãs”.

No âmbito do inquérito estão a ser “realizadas todas as diligências que se revelem pertinentes” e adequadas para apurar as circunstâncias que rodearam o desaparecimento da criança.

Madeleine McCann desapareceu poucos dias antes de fazer 4 anos, em 3 de maio de 2007, do quarto onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos, mais novos, num apartamento de um aldeamento turístico, na Praia da Luz, no Algarve.

A polícia britânica começou por formar uma equipa em 2011 para rever toda a informação disponível, abrindo um inquérito formal no ano seguinte, tendo até agora despendido perto de 12 milhões de libras (14 milhões de euros).

A Polícia Judiciária (PJ) reabriu a investigação em 2013, depois de o caso ter sido arquivado pela Procuradoria Geral da República em 2008, ilibando os três arguidos, os pais de Madeleine, Kate e Gerry McCann, e um outro britânico, Robert Murat.

(Notícia atualizada às 22:13)

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