Segundo uma nota emitida pela Polícia Judiciária (PJ), foi realizada nesta terça-feira uma operação policial que visou o "desmantelamento de uma estrutura criminosa, ligada ao esquema de burlas 'Olá Pai /Olá Mãe', praticado através da rede social WhatsApp".
De acordo com a PJ, a operação consistiu no efetuar de "cinco buscas não domiciliárias, visando um conjunto de lojas em área comercial do centro de Lisboa, e duas buscas domiciliárias na margem sul".
Em maio deste ano, as autoridades já tinha procedido ao desmantelamento de uma estrutura ligada a este grupo, resultando na detenção de um homem suspeito dos crimes de burla qualificada, associação criminosa e branqueamento de capitais.
Esta burla consiste na "criação de milhares de contas, principalmente no WhatsApp" através do uso massivo de cartões SIM, visando "a remessa/receção de mensagens na ordem dos milhares por dia, através da fraude ‘olá pai, olá mãe’ e outros fenómenos de burlas em ambiente digital”.
A PJ adianta agora ter apreendido "1.300 cartões SIM (oferta), tendo-se constituído arguidos cinco pessoas individuais e três pessoas coletivos". Somam-se assim 8.500 cartões SIM já arrestados pelas autoridades, 1.500 já utilizados e 7.000 por utilizar, "o que revela a grandeza do esquema criminoso e as potencialidades de propagação de mensagens, que vitimaram largas centenas de cidadãos em todo o país".
Segundo as autoridades, nesta investigação, iniciada pelo Departamento de Investigação Criminal de Leiria da PJ em agosto de 2023, percebeu-se a partir das diligências realizadas que "os números SIM utilizados não se repetiam e que utilizavam, preferencialmente, números afetos a uma única operadora nacional".
Sabe-se agora que, para levar a cabo tal esquema, os criminosos atuam com modems para colocar centenas de cartões SIM a operar em simultâneo. O detido em maio, identificado como “ponto de difusão das mensagens”, "atuava com sete modems VOIP GATEWAY, cada um com 32 portas, operando em simultâneo 224 cartões SIM".
Pelas estimativas da PJ, entre maio e novembro de 2023, foram operados nestes sete modems cerca de 43.000 cartões. Ou seja, cada um destes cartões foi utilizado para criar uma identidade fictícia com o propósito de tentar burlar pessoas.
"A investigação identificou todos os que colaboraram no processo de facilitação das cerca de 50 dezenas de milhares de cartões SIM, ofertados por uma operadora em festivais de música e em museus, que permitia a sua utilização gratuita por 15 dias e, dessa forma, abrir contas WhatsApp e expedir mensagens de forma massiva", refere ainda a PJ.
A rede criminosa "constituída por vários cidadãos estrangeiros", angariava esses cartões oferta em diferentes áreas da Grande Lisboa, vendendo-os depois, para utilização pela estrutura criminosa, agora desmantelada.
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