O primeiro caso ocorreu na quinta-feira, na província de Nampula, no norte de Moçambique, onde um homem de 21 anos terá tentado vender o seu irmão de 16 anos, que deveria ser supostamente sacrificado para garantir o seu “rápido enriquecimento”, segundo Dércio Samuel, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Nampula, citado hoje pelo jornal O País.

O suposto traficante que ia comprar a criança terá contactado, por engano, uma outra pessoa e que ligou aos líderes comunitários denunciando o caso.

“O que mais me preocupou foi o facto de o suspeito ter declarado categoricamente que não se importava com a vida do seu irmão. Para ele importavam os 500 mil meticais [7.000 euros] e dependeria do cliente se precisaria do menor vivo ou morto e isso é mais agravante”, disse Dércio Samuel.

O segundo caso ocorreu no sábado, na Zambézia, província do centro de Moçambique onde um homem, de 28 anos, terá raptado uma criança de 8 anos quando regressava da escola. O suspeito terá levado a criança à força para um triciclo, após o menor se recusar a seguir com ele.

O detido alega ter tentado vender a criança porque estava desempregado e precisava de dinheiro, avançou Maximino Amílcar, porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) na Zambézia.

Segundo o Sernic, o caso já estava a ser investigado e a polícia preparou uma operação para prender o homem em flagrante.

“Ele voltou a contactar o suposto comprador e pediu 500 meticais [sete euros] para transportar a criança, mas quando chegou ao local combinado os nossos operacionais estavam à espera dele e prenderam-no”, explicou Maximino Amílcar.

Moçambique registou pelo menos 38 vítimas de tráfico de pessoas em 2022, que foram levadas para a África do Sul, país vizinho, indicam os mais recentes dados avançados pela Procuradoria-Geral moçambicana.

De acordo com a procuradoria, a cada oito minutos, uma a oito pessoas são traficadas no mundo, sendo as mulheres as principais vítimas.