Depois da investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) por tráfico de seres humanos na, entretanto, encerrada academia de futebol Bsports, em Riba de Ave, Vila Nova de Famalicão, esta autoridade tem estado atenta à chegada de alunos estrangeiros para estudar em Portugal e já há investigações em curso, de acordo com o semanário Expresso.
Segundo uma fonte oficial, obtida pelo semanário, a atenção dirige-se a quem vem estudar em institutos politécnicos e noutros estabelecimentos de ensino superior, assim como em escolas profissionais longe dos grandes centros urbanos.
O SEF refere-se a "um dos maiores esquemas que anda para aí, principalmente nos politécnicos do interior", sendo que há "casos estranhíssimos” com pressão junto dos serviços para “despacharem os vistos de estudo”.
Quando os estudantes chegam a Portugal com uma prova de matrícula numa instituição de ensino, os cidadãos estrangeiros conseguem pedir o visto de estudante para entrar no país, procurar trabalho ou seguir para outros países europeus. De acordo com o jornal, o SEF revela que estão a ser emitidas autorizações a pessoas com 30 e 40 anos, que acabaram o secundário no país de origem há uma década e agora querem vir estudar matemática ou engenharia para o interior, sendo que muitos nunca chegam a aparecer nas aulas.
Sublinha-se que estes vistos são considerados pela autoridade dos mais fáceis de obter, porque não exigem a recolha de dados biométricos, apenas comprovativos de admissão numa instituição de ensino portuguesa, de capacidade de subsistência, de local de alojamento e pagamento de propinas ou inscrição.
Segundo o jornal, as autoridades têm detetado o uso de papéis falsos no ato de inscrição, incluindo certificados de habilitações dos países de origem e algumas instituições de ensino já foram abordadas pela investigação. Normalmente, estes crimes estão associados a empresas que se ofereceram para servir de intermediários entre os estudantes estrangeiros, os politécnicos e escolas.
Desde 2020, o Ministério dos Negócios Estrangeiros emitiu 62.380 vistos de estudos, dos quais 42.950 foram dados a nacionais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).
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