De acordo com os dados avançados pela agência Reuters, já foram contados 99% dos votos das assembleias de voto do país, sendo que a Comissão Eleitoral Nacional já anunciou que os votos por contar não deverão afetar o resultado final, que é a vitória de Andrzej Duda.

A correr para uma reeleição, o presidente da República, de tendência conservador nacionalista, obteve 51.21% dos votos nesta segunda volta das eleições presidenciais, ao passo que o seu opositor, Rafal Trzaskowski, presidente da câmara de Varsóvia, conseguiu 48,79% dos votos.

A diferença entre os dois candidatos estima-se ser de 500 mil votos, numa ronda eleitoral que obteve um recorde de participações de 68.12%.

No cargo há cinco anos, Andrzej Duda, apoiado pelo partido nacionalista eurocético no poder, o Lei e Justiça (PiS), venceu a primeira volta, a 28 de junho, com 43,5% dos votos. Rafal Trzaskowski, de pendor liberal europeísta, obteve 30,5%.

Duda é reeleito para um mandato de cinco anos.

Mesmo assim, o elevado resultado do candidato da oposição em relação à recandidatura de Andrzej Duda reflete as profundas divisões no país, designadamente em relação à União Europeia.

Além das questões europeias, a campanha eleitoral ficou marcada por assuntos ligados à influência da igreja Católica (que apoiou Duda), a supressão de liberdade nos meios de comunicação do Estado assim como os ataques dos conservadores contra a comunidade LGBT [Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero].

Andrzej Duda é apoiado pelo Partido da Lei e da Justiça, no poder, e defendeu os valores tradicionais durante a campanha eleitoral, num país fortemente marcado pelo catolicismo.

As políticas do Partido da Lei e da Justiça que introduziu um subsídio de 125 euros por cada criança a todas as famílias do país e que atribuiu um bónus às pensões de reforma, ganhou desta forma o apoio das populações mais rurais mais carenciadas.

Apesar das medidas de cariz social, o partido no poder está em conflito com a União Europeia após a adoção de legislação que na prática controla o aparelho judicial polaco.

Os líderes conservadores usaram também uma retórica considerada discriminatória contra a comunidade LGBT e foram acusados de transformar a televisão pública num instrumento de propaganda durante a campanha de reeleição de Duda.

As eleições de domingo deviam ter-se realizado no passado mês de maio mais foram adiadas por causa das medidas contra a propagação da pandemia de covid-19.

Trzaskowski, antigo parlamentar europeu, defendeu os valores democráticos e apelou à unidade dos polacos contando com o apoio da Plataforma Cívica, uma formação política que destaca o Estado de bem-estar como principal ponto da agenda.

A Plataforma Cívica esteve à frente do governo polaco entre 2007 e 2015.

Assim que se aproximava a data das eleições o discurso de Duda dirigiu-se ao eleitorado de direita com ataques aos homossexuais e afirmando que o movimento LGBT "é uma ideologia pior do que o comunismo".

Como presidente da Câmara Municipal de Varsóvia, Trzaskowski assinou uma declaração de tolerância para com o movimento LGBT no ano passado, numa altura em que os conservadores acusavam os homossexuais de estarem a importar ideias do estrangeiro.

A União Europeia denunciou a retórica contra os homossexuais polacos.

Por outro lado, a campanha de Duda também acusou o líder da oposição de "estar a vender a Polónia a famílias judias" promovendo sentimentos antissemitas num país seriamente atingido por perseguições contra a comunidade judaica ao longo da História, sobretudo durante a ocupação nazi (1939-1945).

A campanha conservadora acusou também o candidato liberal de ligações e de receber apoio da Alemanha.

[Notícia atualizada às 11:26]

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