Como noticia o jornal britânico The Guardian, a história passa-se em 2018, com o Reino Unido a ser governado por "um governo conservador minoritário de décima categoria", sendo Boris Johnson — atual primeiro-ministro britânico — "um ministro dos Negócios Estrangeiros porco ignorante".
O protagonista de "Agent Running in the Field", Nat, é um agente do MI5 (os serviços de inteligência britânicos) de 47 anos, que começa a duvidar das escolhas de carreira que fez e do estatuto de Inglaterra, um país "em queda livre", como "a mãe de todas as democracias"
Passando-se em 2018, a obra situa-se numa fase em que Johnson era o ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido e Nat não tem a certeza de querer servir um governo que se está a preparar para se divorciar da União Europeia.
"Uma minoria, governo conservador de décima classe. Um porco ignorante como ministro das Relações Exteriores, a quem devo ter fidelidade. E os Trabalhistas não são muito melhores. Esta loucura total do Brexit", comenta Nat com a filha, a páginas tantas.
Le Carré assume-se como um europeísta convicto, sendo que o escritor de 87 anos se juntou a outros romancistas assinando um manifesto a explicar os benefícios de ficar na UE durante as eleições europeias, em maio. Recorde-se que o plebescito no Reino Unido foi vencido pelo Partido do Brexit, fundado pelo populista Nigel Farage.
O livro será publicado no Reino Unido no próximo mês, apenas duas semanas antes da data em que o país deve deixar a União Europeia, sendo que o The Guardian publicou um excerto exclusivo da obra.
O Reino Unido tem atualmente previsto sair da União Europeia (UE) a 31 de outubro, já na sequência de um adiamento da saída da data inicial que era 29 de março.
Contudo, um projeto de lei para impedir um ‘Brexit' sem um acordo foi aprovado tanto pela Câmara dos Comuns como pela Câmara dos Lordes do Parlamento Britânico
A legislação exige que o primeiro-ministro, Boris Johnson, peça uma nova extensão da data de saída até 31 de janeiro caso o parlamento não aprove um acordo de saída ou não autorize uma saída sem acordo até 19 de outubro.
Na quinta-feira, Johnson disse que "preferia estar morto numa valeta" do que pedir a Bruxelas um novo adiamento, o qual considera "inútil", desafiando a oposição a apoiar a proposta de eleições antecipadas.
Nesse sentido, o Governo britânico anunciou a submissão ao parlamento na segunda-feira uma proposta para realizar eleições antecipadas a 15 de outubro.
A mesma proposta foi inviabilizada na quarta-feira pela oposição, pois o Governo precisava do apoio de 434 deputados, correspondentes a dois terços do total dos membros da Câmara dos Comuns, mas só conseguiu 298 votos a favor.
Hoje, após uma reunião, a oposição britânica indicou que vai chumbar novamente a proposta do Governo para realizar eleições antecipadas, indicando que estas poderão só acontecer depois de 31 de outubro.
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