Esta elevada concentração representa um “risco para as pessoas que são alérgicas a estes pólenes” e que podem desenvolver queixas de renite alérgica, como espirros, lacrimejos e queixas oculares e, eventualmente, desenvolverem asma, adiantou à Lusa o secretário-geral da SPAIC.
“Não será um risco para toda a população”, mas apenas para quem tem alergias a esses pólenes, referiu Pedro Martins.
As crianças e pessoas mais idosas que sejam alérgicas “vão ser mais suscetíveis, mas é um risco que é transversal [a todos os alérgicos a pólenes], que pode levar a agravamento da doença e a deslocações a serviços de urgência”, adiantou o especialista em imunoalergologia.
Como recomendações práticas perante as elevadas concentrações previstas, Pedro Martins aconselha as pessoas alérgicas a usarem óculos escuros quando permanecem no exterior, a viajarem de carro com as janelas fechadas, a afastar a roupa utilizada durante o dia do quarto de cama, a evitar ventilar a casa nos horários de maior concentração de pólen no ar, como ao início da manhã, e a usar capacete integral, no caso dos motociclistas.
“Se a pessoa tem uma alergia a pólenes e sabe que tem queixas nesta altura da primavera, deve fazer um tratamento que seja prescrito que controle a sua doença e a deixe mais protegida para esta fase de pólenes elevados”, salientou ainda o secretário-geral da SPAIC.
Segundo disse, os “grandes picos” de concentração ocorrem entre meados de março e junho, em que o nível de pólenes na atmosfera atinge valores que “podem gerar queixas muito marcadas”, mas também podem surgir níveis elevados no Outono.
De acordo com a previsão da SPAIC para a semana de 14 a 20 de abril, na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, os pólenes encontram-se num nível muito elevado e na atmosfera predominam os pólenes das árvores pinheiro, plátano, carvalhos e bétula e também das ervas gramíneas, parietária e urtiga.
Já no Porto (região de Entre Douro e Minho), predominam os pólenes das árvores pinheiro, carvalhos e bétula e das ervas gramíneas, parietária e urtiga, enquanto em Coimbra (região da Beira Litoral) verifica-se um nível muito elevado dos pólenes das árvores pinheiro e carvalhos e das ervas gramíneas, parietária e urtiga.
O boletim indica ainda que em Castelo Branco (região da Beira Interior) os pólenes encontram-se também num nível muito elevado e na atmosfera predominam os pólenes das árvores pinheiro e carvalhos e das ervas gramíneas, parietária, urtiga, tanchagem e azeda.
O documento refere que na região de Lisboa e Setúbal, a predominância é dos pólenes de pinheiro, oliveira, azinheira e outros carvalhos e também das ervas parietária, urtiga e tanchagem.
No Alentejo, onde também se prevê concentrações muito elevadas, os pólenes predominantes são de azinheira, mas estão a surgir os primeiros grãos da oliveira e das ervas gramíneas, parietária, urtiga, tanchagem e azeda.
Quanto ao Algarve, predominam os pólenes das árvores cipreste, pinheiro, oliveira, azinheira e outros carvalhos e das ervas parietária, urtiga, tanchagem, azeda e quenopódio, enquanto no Funchal (Madeira) e em Ponta Delgada (Açores) a previsão da SPAIC é de nível baixo de concentração na atmosfera.
Em 2002, foi criada a Rede Portuguesa de Aerobiologia (RPA), um serviço gratuito disponibilizado pela SPAIC que monitoriza, a nível nacional e de uma forma contínua, os grãos de pólen e esporos de fungos presentes na atmosfera com potenciais repercussões negativas sobre a saúde humana.
A RPA resulta da colaboração entre investigadores e docentes das Universidades de Évora, Madeira e Açores e imunoalergologistas de vários hospitais de todo o país.
Atualmente, a RPA é constituída por nove estações ou centros de monitorização localizados no Porto, Vila Real, Coimbra, Castelo Branco, Lisboa, Évora, Faro, Funchal e Ponta Delgada.
Comentários