"Há uma ameaça séria de rotura na segurança de abastecimento no sector alimentar. Em termos de cereais, Portugal não aprendeu nada desde o início da guerra, e continuamos com matéria-prima apenas para 15 dias", adiantou Jaime Piçarra, secretário-geral da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA) ao Expresso.
A Silapor é a principal empresa portuária portuguesa de descarga e armazenagem de graneis sólidos alimentares, em liquidação há mais de 20 anos, cujas greves extraordinárias estão a ter um impacto "ao nível da logística da produção de alimentos, sobretudo pão, massas, carne, ovos e laticínios".
O secretário-geral adiantou ainda que "por causa da greve dos trabalhadores da Silopor às horas extraordinárias, em vez de 10 mil toneladas/dia só estão a descarregar pouco mais de metade", de modo que "já estamos com um défice de 20 mil toneladas semanais. E como se isso não bastasse, há poucos dias avariou o pórtico de descarga no terminal da Trafaria".
Cerca de 60% dos cereais importados passa pelos terminais da Trafaria e do Beato, em Lisboa. Uma das opções seria a transferência de algumas descargas de navios para o porto de Setúbal. No entanto, essa transferência acarretaria um custo extra de três milhões de euros.
A Associação Nacional de Armazenistas, Comerciantes e Importadores de Cereais e Oleaginosas (ACICO), a Associação Portuguesa da Indústria de Moagem (APIM), a Federação Portuguesa das Associações Avícolas (FEPASA) e a Federação Portuguesa das Associações de Suinicultores (FPAS) também subscreveram o comunicado da IACA. Os responsáveis afirmam que "esta greve tem origem numa decisão da ex-secretária de Estado do Tesouro, Alexandra Reis, que colocou em vigor um Despacho que impede o aumento dos trabalhadores das empresas de capitais públicos em liquidação, situação em que se encontra a Silopor há mais de vinte anos".
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